Marca do pênalti – Cobrar coerência no meio político é tarefa hercúlea, mas a missão torna-se impossível quando a cobrança é dirigida a petistas, sempre magnânimos e traiçoeiros. Ex-jogador do Corinthians, entre tantos clubes, e membro do Comitê Organizador Local (COL), Ronaldo Nazário de Lima fez duras críticas à organização da Copa do Mundo, não poupando o desgoverno de Dilma Rousseff pelo escandaloso atraso em muitas das obras destinadas ao mundial de futebol.
Dilma reagiu horas depois, inclusive pegando carona no “complexo de vira-lata”, lançado ao vento pelo polêmico Nelson Rodrigues, assim como fez o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Na esteira do chumbo trocado que se formou entre Ronaldo e o governo, o ex-atacante da seleção brasileira não perdeu tempo e declarou oficialmente apoio à candidatura do senador mineiro Aécio Neves, escolhido pelo PSDB para enfrentar Dilma na corrida ao Palácio do Planalto.
Os petistas por certo imaginavam que pelo fato de ter participado do COL o ex-atleta Ronaldo no máximo ficaria neutro em relação à sucessão presidencial, mas depois do seu declarado apoio ao candidato tucano a turba que controla o poder acionou a usina de sandices. Querem os “companheiros” que Ronaldo Nazário deixe o COL, como se para integrar o colegiado exigisse fidelidade ao PT. Em qualquer país minimamente responsável esse desgoverno que aí está, arruinando o Brasil, já teria caído, mas nessa terra de ninguém a turma comandada por Lula continua no poder.
Ronaldo pode ate ter traçado alguns planos a partir de sua participação no Comitê Organizador Local, mas nem mesmo em sonho ele precisa desse grupelho que de forma criminosa concordou com superfaturamento dos estádios da Copa, como se no Brasil não existissem leis.
Não fosse a sua história de sucesso no futebol mundial, Ronaldo Nazário deveria deixar o COL, não sem antes expor de maneira mais clara e incisiva a bandalheira que se instalou no País no vácuo da Copa do Mundo, evento desnecessário para uma nação que ainda assiste de forma contemplativa a morte de cidadãos nas filas dos hospitais públicos.
Dilma por sua vez, assim como seus estafetas, pode até invocar o tal “complexo de vira-lata”, mas diante de tantos escândalos consumados não há como negar que vez por outra dá vergonha de ser brasileiro. Isso explica a indignação silenciosa da população, que abriga um número crescente de pessoas que já declararam que torcerão contra a seleção nacional, o que não significa torcer contra o Brasil, pelo contrário.