Atividade industrial paulista cai 8% no primeiro quadrimestre do ano, informa a FIESP

industria_12Marcha lenta – A atividade da indústria de São Paulo despencou 8% no primeiro quadrimestre de 2014, em comparação com o mesmo período do ano passado. No mês (abril), o desempenho do setor manufatureiro piorou em 0,1% em relação a março, com ajuste sazonal, mostra pesquisa mensal da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP e CIESP) divulgada nesta quinta-feira (29).

O Indicador de Nível de Atividade (INA), elaborado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) das entidades, apurou que a variável “Horas Trabalhadas na Produção” abateu o desempenho da indústria com uma queda de 1,3% em abril versus março.

Na avaliação do gerente do Depecon, Guilherme Moreira, fundamentos como a confiança do empresário, que caiu 5,1% em maio segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), e incertezas quanto ao cenário doméstico continuam apontando para o baixo dinamismo da indústria de transformação em 2014.

“É o terceiro resultado negativo consecutivo do INA esse ano, considerando que só tivemos quatro meses. E é muito preocupante”, diz Moreira.

Ele avalia ainda que o carregamento estatístico da atividade industrial em abril, que indica uma expressiva queda de 5,9% em 2014, corrobora a rota de deterioração do setor manufatureiro e a FIESP e o CIESP podem revisar para baixo a projeção que já indica queda do desempenho da indústria este ano.

“Nossa previsão para o INA desse ano é queda de 1,6%. Portanto, se esse quadro continuar daqui até o final do ano, essa revisão vai cair bastante. Principalmente por conta do carregamento estatístico”, afirma.

O gerente do Depecon explica que o atual patamar da taxa básica de juro Selic e a falta de perspectiva de queda afetam a atividade da produção. Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa Selic em 11% ao ano.

“Os juros continuam em patamares elevados e sem nenhuma projeção de queda. E as perspectivas para economia de maneira geral são muito ruins. Então, isso afetou muito a confiança do empresário e, portanto, refletiu também no indicador de atividade.”

Efeito tango

A menor demanda por parte da Argentina, sobretudo ao setor automotivo brasileiro, também preocupa a indústria com relação ao seu desempenho, segundo Moreira.

“Para a indústria de transformação brasileira, a Argentina é um importante destino e há poucas perspectivas de melhora. Então, preocupa bastante. É um fator que vem afetando tanto a confiança quanto a produção”, esclarece.

As incertezas com a economia brasileira e a deteriorada confiança do empresariado também respingam no mercado de trabalho da indústria. “Tanto é que fizemos uma revisão para baixo da previsão [do nível de emprego] para este ano”, acrescenta o gerente do Depecon.

Desempenho pior em abril

Comparado com abril de 2013, o desempenho do setor manufatureiro de São Paulo caiu 12,7%. Já no acumulado em doze meses, a atividade caiu 2,3%. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) ficou praticamente estável em 80,3% em abril ante 80,2% em março.

O resultado negativo de 8% no primeiro quadrimestre é o pior da série histórica, com exceção de 2009, ano da crise no qual o INA amargou 17,3%.

Entre as perdas da indústria paulista, o setor de Alimentos apresentou a queda mais expressiva com variação negativa de 1,5% em abril contra março, na leitura com ajuste sazonal, pressionado também pela variável “Horas Trabalhadas na Produção”, que apresentou perdas de 3,7%.

Percepção estável, mas estoque elevado

A percepção geral dos empresários com relação ao cenário econômico no mês de maio, medida pelo Sensor Fiesp, ficou estável em 47,4 pontos, ante 47,3 pontos em abril. Mas o componente Estoque, importante sinalizador do comportamento da indústria, mostrou um nível elevado que não era visto desde 2009.

Em maio, a variável Estoque caiu para 32,9 pontos contra 43,4 pontos em abril. Essa é a menor pontuação desde a marca de 30,9 pontos em janeiro de 2009. Ao contrário das demais variáveis do índice, o componente indica reservas dentro do planejado quando está próximo aos 50 pontos.

“Essa variável do sensor que chama atenção e mostra que a indústria está com estoque muito acima do desejado”, explica Guilherme Moreira.

Já o item Mercado também ficou estável em 48,6 pontos no mês corrente ante 47,9 pontos em abril, enquanto a percepção dos empresários com relação a Vendas melhorou para 52,9 pontos este mês versus 46,6 no mês passado.

A percepção dos empresários quanto ao Emprego ficou estável em 47,7 pontos em maio, ante 46 pontos em abril. O componente Investimento também ficou estável em 54,7 pontos em maio contra 52,8 pontos em abril.