Artilharia pesada – Continua acirrado o cabo de guerra que se formou no Paraná entre o PT e o PMDB, para saber que disputará, no segundo turno, a corrida ao palácio Iguaçu contra o governador tucano Beto Richa. O destemperado senador Roberto Requião (PMDB) deixou de usar intermediários para fustigar Gleisi Hoffmann, sua adversária direta na briga, e assumiu os ataques à petista.
Nesta sexta-feira (30), no microblog que mantém no Twitter, Requião ironiza a incapacidade administrativa de Gleisi e sua inquestionável vocação para trapalhadas, o que ficou evidente nos três anos em que a senadora esteve à frente da Casa Civil da Presidência da República. “Que seria da tia Dilma sem a Gleisi?”, indagou o irônico Requião, para, na sequência, avisar seus seguidores que pretende derrotar as pretensões da petista de disputar o segundo turno com Richa. “Vamos mandá-la de volta à Brasília”, escreveu.
As relações de Gleisi com Requião há muito se desenrolam no palco das agressões, mas sempre por meio de prepostos, mas agora a guerra ficou direta e subiu de tom. Ex-governador do Paraná e conhecido por seu comportamento histriônico e nada diplomático, Requião avisou nas redes sociais, através de seus “braços avançados”, que teria um documento demonstrando que Gleisi fora alertada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) que não poderia contratar o pedófilo Eduardo Gaievski como assessor na Casa Civil, porque o mesmo era investigado pela prática de três dezenas de estupros de menores no Paraná. Gleisi teria ignorado o alerta e nomeou Gaievski para cuidar de políticas federais dedicadas a menores, mas a polícia acabou entrando no Palácio do Planalto para tentar capturar o delinquente sexual.
Gleisi Hoffmann, por sua vez, tem dado o troco à altura. Tem mirado os escândalos de corrupção que marcaram os governos de Requião, em especial o caso dos dólares de Eduardo Requião. Irmão do senador peemedebista e conhecido no Paraná como “Vovó Naná”, Eduardo Requião foi nomeado para comandar o Porto de Paranaguá. “Naná” foi um dos integrantes do esdrúxulo governo familiar que Roberto Requião impôs aos paranaenses, tamanho foi o número de parentes empregados na máquina estatal.
A senadora petista também tem atacado o estilo de vida luxuoso do adversário, que volta e meia alega em seus discursos ser um adepto confesso da Carta de Puebla, que praga a preferência pelos mais pobres. De acordo com os aliados de Gleisi, a opção do senador peemedebista é pela mordomia e o desfrute do luxo, tudo regiamente bancado com o suado dinheiro do contribuinte. Requião costuma viajar mundo afora sempre na primeira classe e sob as expensas do Senado. Fora isso, enquanto governador do Paraná, Roberto Requião vivia como verdadeiro aristocrata rural na Granja do Canguiri, residência oficial do chefe do Executivo paranaense.
Na medida em que as eleições se aproximam, a tendência é que a troca de chumbo entre petistas e peemedebistas cresça em termos de covardia e virulência, pois é grande o arsenal de acusações em ambos os lados.
Um dos mais importantes estados da federação, o Paraná não merece essa disputa rasteira e pífia pelo poder, assim como não permanecer como refém de políticos que só conseguem enxergar os próprios interesses e de seus respectivos partidos. Como o cenário aqui analisado não é dos mais animadores, que em outubro próximo, diante das urnas, os paranaenses escolham o menor dos males que se apresentam no momento.