PT acusa o ex-governador Requião de ter usado dinheiro do contribuinte para manter 88 cavalos

roberto_requiao_11Coice no contribuinte – Uma tropa de 88 cavalos mantida com o suado dinheiro público (ao custo de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil mensais por animal) era um dos desfrutes a que o peemedebista Roberto Requião de Mello e Silva se permitia quando governou o Paraná (2003 a 2010). A farra quadrúpede custou entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões aos cofres públicos e imobilizou significativo número de policiais militares, encarregados de servir como cavalariços do então governador. A denúncia foi publicada na edição de domingo (8) do jornal Gazeta do Povo, que informa que um Inquérito Policial Militar foi aberto para investigar a utilização de pessoal, estrutura e recursos do seu regimento de polícia montada para tratar cavalos de propriedade de Requião.

A denúncia sobre uso de dinheiro público para tratar os cavalos de Requião partiu do ex-deputado José Domingos Scarpelini, fundador do PMDB, que tornou-se adversário do agora senador e levantou os dados que levou à abertura do inquérito militar. Durante o período em que esteve governador, Requião morou na Granja do Canguiri, propriedade rural do governo do Paraná e se dedicava a cavalgadas matinais diárias com os amigos. Para fornecer montarias a esse grupo de áulicos, Requião reuniu 88 cavalos que eram mantidos e bancados pelo regimento da Polícia Montada da PM. Quando o destemperado político paranaense deixou o governo, a PM foi encarregada de transportar tropa para uma propriedade particular na cidade de Campo Largo.

A reportagem da Gazeta do Povo levantou farta documentação oficial demonstrando que a tropilha de Roberto Requião desfrutava de cuidados e rotina semelhante a dos animais pertencentes à corporação. “Eles eram abrigados no regimento; no Parque da Ciência, em Pinhais (ao lado da Granja do Canguiri, imóvel do governo utilizado como residência oficial por Requião); no Haras Palmital, também em Pinhais; e no Haras Barigui, em Almirante Tamandaré”, diz a Gazeta.

Requião, que adora incensar a Carta de Puebla, documento da Igreja Católica que recomenda a opção preferencial pelos pobres, revelou, quando ocupou cargos públicos, uma opção preferencial pelo desfrute das mais espalhafatosas mordomias. O caso dos cavalos bancados pelo contribuinte e que imobilizavam dezenas de policiais que deveriam estar nas ruas garantindo a segurança da população, no entanto, é o mais chocante e com abundância de provas documentais e testemunhais.

Os documentos do regimento comprovam a movimentação dos animais. “In¬formo a V.Sª. que nesta data deu entrada do Canguiri nesta OPM dois pôneis prenhas do governador, que foram estabulados nas baias 311 alexander a baia da PUC ao lado da ferraria”, diz uma circular do regimento, do dia 30 de dezembro de 2008.

“Informo a V.Sª que nesta data o equino Kielse, pertencente ao Exmo. Sr. Gover-nador do Estado e que estava em tratamento médico no Centro Veterinário teve alta, e foi transportado novamente ao Haras Barigui em Almirante Tamandaré”, informa outra circular, de 25 de janeiro de 2010.

Segundo outro oficial ouvido pela reportagem, também lotado no regimento à época, a justificativa dada para o abrigamento dos cavalos era de que, ao final do mandato, eles seriam doados para a cavalaria da PM, o que não ocorreu. “No final do mandato dele, dos 88 animais, 29 foram doados para a corporação. Os outros 59 foram levados para um haras particular em Campo Largo. Todo o transporte foi feito por policias militares com equipamento da corporação, como um serviço normal”, diz o policial.

A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso a arquivos do regimento de polícia montada e conversou com policiais responsáveis pelo cuidado dos animais.

De acordo com um dos policiais ouvidos, ao longo de oito anos a PM cuidou de 88 cavalos pertencentes ao governador ou a pessoas próximas a ele. “Os cavalos foram chegando e de repente eram dezenas. A determinação dos oficiais é de que fossem tratados e cuidados por nós porque eram do governador”, diz.

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