Marcando terreno – “O País está cansado de impunidade, hipocrisia e solidariedade seletiva”. Assim o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reagiu, nesta quarta-feira (11), à declaração absurda de Luiz Inácio da Silva, que no dia anterior defendeu a readmissão dos grevistas e dublê de vândalos que foram demitidos pelo Metrô. Disse o lobista de empreiteira que as demissões podem ser revistas se houver maturidade do governo e dos trabalhadores.
Lula, malandro experimentado, tenta pegar carona no impasse que se formou no vácuo de uma greve considerada ilegal e abusiva pelo Tribunal Regional do Trabalho, que acabou dando respaldo legal às demissões. Na tarde desta quarta-feira uma nova reunião de conciliação acontece no Ministério Público do Trabalho, mas o governador paulista já antecipou que nenhuma demissão será cancelada, até porque os demitidos foram flagrados em atos de vandalismo durante a paralisação. Alguns deles, é bom destacar, chegaram a arrancar passageiros de dentro das composições do metrô. Situação inaceitável e utópica de uma paralisação de caráter político e eleitoreiro.
Os metroviários, comandados por Altino de Melo Prazeres Júnior, ameaçam com a retomada da greve na quinta-feira (12), dia de abertura da Copa do Mundo, cerimônia que acontecerá na Arena Corinthians, localizada no bairro de Itaquera, na zona lesta da capital paulista. O governador espera que os metroviários não retomem a greve, mas se isso acontecer o metrô funcionará normalmente, como forma de garantir o acesso dos torcedores ao palco de abertura do mundial de futebol.
Altino Prazeres é ligado ao ultrarradical PSTU, legenda esquerdista que funciona como satélite político do Partido dos Trabalhadores, acionado nos momentos em que o desespero eleitoral enxerga na instalação do caos uma espécie de tábua de salvação. A decretação da greve, que durou cinco dias até a suspensão temporária, produziu dividendos negativos ao plano de reeleição de Dilma Vana Rousseff.
Dirigentes do Sindicato dos Metroviários chegaram a sugerir que Dilma poderia atuar como interlocutora dos grevistas, mas a absurda hipótese foi rapidamente descartada pelo Palácio do Planalto, uma vez que a situação da petista não é das melhores entre os eleitores da maior cidade brasileira. No contraponto, o oportunista Lula tenta encontrar uma forma de alavancar a empacada candidatura de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e escolhido para disputar o governo de São Paulo.
Geraldo Alckmin tem não apenas o respaldo da Justiça do Trabalho para manter as demissões, já comunicadas oficialmente, mas o apoio da população da Grande São Paulo, que sofreu com a irresponsável paralisação dos metroviários. Com a demonstração de firmeza diante da chantagem dos grevistas, Alckmin está com a reeleição garantida, possivelmente no primeiro turno, mas um recuo em relação às demissões será catastrófico para o seu projeto político.