PT encena ópera bufa no Senado para tentar explicar fraude na CPI da Petrobras, mas não convence

petrobras_03Segurando a onda – Quem acompanhou a sessão de terça-feira (5) do Senado Federal não demorou a perceber o desespero do Partido dos Trabalhadores para tentar desqualificar as acusações de fraude na CPI da Petrobras que funciona na Casa. Isso porque Assessores palacianos, do partido e da própria Petrobras trabalharam na execução de um conjunto de perguntas e respostas enviado a alguns dos depoentes, como Maria das Graças Foster, presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente, e Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da petroleira.

Durante a sessão, petistas revezaram-se na tribuna e nos microfones do plenário do Senado para justificar o injustificável. A cantilena começou com o senador Jorge Viana, ex-governador do Acre, que pegou carona em texto do jornalista Janio de Freitas, da Folha de S. Paulo, para tentar colocar no colo da oposição a culpa por denúncias supostamente infundadas. A denúncia feita pela revista Veja em sua mais recente edição aponta na direção de uma fraude inaceitável e criminosa, que mostra a preocupação do Palácio do Planalto em omitir a verdade.

Jorge Viana disse, repetindo parte do texto do jornalista da Folha, que “as perguntas e respostas previamente ajustadas, entre inquiridor e depoente, sempre foram e serão condutas lógicas e, pode-se supor, as mais frequentes entre correligionários nas CPIs. Assim como fazem todos os advogados ao preparar seus clientes para depoimentos policiais e judiciais”.

Pois bem, Janio de Freitas tem o direito de pensar e fazer o que quiser, podendo, inclusive, escrever um texto que caiu como muleta para o discurso boquirroto de Jorge Viana, que não escondeu o nervosismo ao longo de um palavrório longo e nada convincente. O que não se pode aceitar, apesar do respeito que Janio de Freitas merece como profissional, é a tese estreante de que “advogados preparam seus clientes para depoimentos policiais e judiciais”.

O que está em questionamento no causo da fraude que agora emoldura a CPI da Petrobras é a elaboração de perguntas e respostas entregues aos depoentes, como se esse tipo de conduta não fosse ilegal. Uma coisa é treinar alguém para determinado depoimento, outra é o inquiridor pautar o inquirido, o que compromete sobremaneira a investigação.

Aliás, o que os assessores da Presidência da República fizeram foi estipular as regras da investigação, pois é sabido que a culpa pela inexplicável compra da refinaria de Pasadena, no Texas, é também e principalmente de Dilma Rousseff, que à época do estapafúrdio negócio presidia o Conselho de Administração da estatal.

Que o PT está cada vez mais encalacrado na rede de escândalos de corrupção que assola o País todos sabem, mas o que se busca com essa farsa discursiva é não apenas salvar a legenda dos efeitos colaterais do imbróglio, mas poupar os mandatos eletivos de alguns companheiros – é o caso do senador José Pimentel (CE), relator da CPI da Petrobras – além de manter nos cargos os palacianos que elaboraram o questionário e o gabarito entregues aos depoentes – é o caso de Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria de Relações Institucionais; Luiz Azevedo, secretário-executivo da pasta; e Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria e que no passado foi uma espécie de “faz-tudo” de Ideli Salvatti.

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