Estica e puxa – Senador pelo PMDB, Roberto Requião votará em Dilma Rousseff na eleição presidencial, ainda no primeiro turno, mas somente no segundo round da disputa é que apoiará declaradamente a petista. No primeiro apoiará Dilma por debaixo dos panos e junto a parcela do eleitorado em que a rejeição da petista não atrapalhe a sua candidatura ao governo do Paraná.
Essa definição, formulada em termos bem duros, foi anunciada na terça-feira (5) ao deputado federal Dr. Rosinha (PT), coordenador da campanha de Dilma no Paraná. Conhecido por seu radicalismo esquerdista, Rosinha havia procurado Requião em busca de uma declaração de apoio formal. A declaração de que só apoiará Dilma abertamente no segundo turno gerou momentos tensos.
Inconformado com a decisão, Rosinha teria apelado para que o senador peemedebista deixasse de ser tucano. “Desça do muro já!”, apelou o petista. Roberto Requião, no entanto, que está plenamente ciente dos altos e crescentes índices de rejeição da petista no Paraná, insiste em se apresentar como candidato avulso.
Dr. Rosinha não desistiu de ter Requião – que disputa o governo do Paraná com a petista Gleisi Hoffmann e o tucano Beto Richa – ao lado de Dilma Rousseff já no primeiro turno. Por isso levará o caso para ser discutido pela direção nacional de ambas as legendas. Espera que Michel Temer, presidente nacional do PMDB, e candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, enquadre Requião. A grande questão é que Temer não enquadra nem a si mesmo.
A presidente Dilma Rousseff vive situação notadamente difícil nas regiões Sul e no Sudeste, onde seus índices de intenção de voto estão praticamente empatados com os do tucano Aécio Neves. Por isso, a missão do deputado Dr. Rosinha, de levar um tradicional aliado do PT a apoiar Dilma, era considerada muito importante pelo PT.
A relação de Requião com o PT do Paraná é historicamente complicada. O partido sempre serviu como linha auxiliar do senador que, em troca de apoio, costuma humilhar os companheiros e distribuir algumas benesses e bocas ricas enquanto ocupou o governo do estado. Apesar de ressentidos com o tratamento, os petistas não conseguem se distanciar de Requião, com quem vivem um processo que remete à “síndrome de Estocolmo”, em a vítima se identifica e passa a idolatrar o próprio algoz.