Olho do furacão – Duas empreiteiras denunciadas pela ex-contadora de Alberto Yousseff, por negócios escusos com o doleiro, abasteceram a campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado em 2010. Das seis empresas apontadas por Meire Bonfim Poza, duas fizeram grandes doações para campanha de Gleisi: Camargo Corrêa doou R$ 1 milhão e a OAS, outros R$ 780 mil. Em abril, o jornal O Globo revelou que a UTC/Constran – listada na caderneta de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato com indicativo de pagamento a candidatos e financiamento de campanhas eleitorais – doou R$ 250 mil para Gleisi.
A senadora Gleisi Hoffmann, que ocupou durante 3 anos a chefia da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, concorre ao governo do Paraná pelo PT, foi à candidata que apresentou a maior variação patrimonial nos últimos quatro anos. O levantamento comparativo foi elaborado por aliados políticos do senador Roberto Requião, candidato ao governo pelo PMDB. Eles detectaram um crescimento de patrimônio muito superior ao dos seus principais adversários. Em relação a 2010, o patrimônio da petista cresceu 118%, contra os 49,3% de Roberto Requião (PMDB) e 30,9% do tucano Beto Richa.
Na declaração de bens da candidata do PT causou estranheza aos requianistas a compra de um apartamento de mais de R$ 1 milhão, no Residencial Quartier, que ocupa um quarteirão no bairro Água Verde, em Curitiba. Aliados do senador Roberto Requião disseminam nas redes sociais uma curiosidade. O Quartier é um empreendimento da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) – braço da empreiteira Camargo Corrêa, o primeiro construído pela empresa em Curitiba.
No caso da contadora Meire Poza, o deputado federal Marco Maia (PT-RS), relator da CPI Mista que investiga suspeitas de corrupção relacionadas à Petrobras, pedirá sua convocação para depoimento sobre suas denúncias envolvendo o esquema montado por Youssef, publicadas na mais recente edição da revista Veja. Meire era contadora de Youssef e revelou detalhes sobre o funcionamento do esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público que tinha como destino final empreiteiras, políticos e agentes públicos.
Em entrevista à revista, Meire revelou que políticos, especialmente do PT, estão envolvidos com os negócios clandestinos de Youssef. “Havia um fluxo constante de entrada e retirada de dinheiro em pelo menos três empreiteiras”, disse a contadora. Nas últimas três semanas, ela prestou depoimentos à Polícia Federal, ajudando os investigadores a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus parceiros. Detalhou que o deputado André Vargas (ex-PT), coordenador da campanha de Gleisi, além de sócio de Youssef no laboratório Labogen, teria atuado na lavagem de dinheiro para o doleiro.
Ela contou como funcionava o esquema envolvendo as empreiteiras prestadoras de serviço à Petrobras, que contratavam empresas de Youssef que só existiam no papel. Estariam no esquema OAS, Sanko Sider, Galvão Engenharia, Unipar, Mendes Júnior e Camargo Corrêa. Segundo a reportagem, no caso da Camargo Corrêa “era um esquema exclusivo de comissões de negócios acertados dentro da Petrobras com o Paulo Roberto da Costa (ex-diretor da es¬ta¬tal, preso pela Operação Lava-Jato)”.
A contadora revelou que desconfiou da natureza ilegal dos negócios de Youssef quando recebeu ordens do doleiro para fazer um contrato pelo qual a empreiteira Mendes Júnior pagaria R$ 3,8 milhões à GFD Investimentos (uma das empresas de fachada de Youssef), a título de consultoria sobre a viabilidade de plataformas de petróleo. Todos os envolvidos negaram manter qualquer relação com o doleiro.
De acordo com a reportagem, pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo, diretamente das mãos do doleiro ou por meio de depósitos bancários feitos por Meire. Os deputados André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (SDD-BA), que respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara, além dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Mário Negromonte (PP-BA) e do senador Fernando Collor (PTB-AL), todos negaram as acusações.
A contadora afirmou ter uma relação de números de contas bancárias de parentes e assessores de políticos que receberam dinheiro do doleiro. Ela revelou ainda negócios entre Youssef, empreiteiras e prefeituras comandadas pelo PT. O doleiro oferecia 10% de propina a cada prefeito que aceitasse investir em um fundo criado por ele.