Inferno astral – A candidatura de Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do Paraná tem os ingredientes para se transformar em um dos maiores fracassos políticos das eleições de 2014. Apontada como a primeira candidata viável produzida pelo PT do Paraná (um dos mais inexpressivos do País), Gleisi parece pronta para repetir os históricos malogros eleitorais do partido.
Sua candidatura é assombrada pelas reticências da perigosa ligação com o pedófilo Eduardo Gaievski, levado à Casa Civil para comandar as políticas do governo federal para crianças e adolescentes, e pela escolha do deputado federal André Vargas (ex-PT), apontado como sócio do doleiro Alberto Youssef, para coordenar a campanha petista. Não bastasse, Gleisi afunda também pela maré vazante que enfrenta o PT no âmbito federal, decadência motivada por crescimento pífio da economia, inflação em alta e corrupção desenfreada.
O jornal “Gazeta do Povo” publica pesquisa do instituto iBrain que revela que 8 em cada 10 curitibanos avaliam que a inflação está muita alta. Essa percepção generalizada das desastradas políticas do governo Dilma Rousseff é avaliada como uma das razões do péssimo desempenho da candidatura da petista Gleisi Hoffmann em sua corrida ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense.
Eleita em 2010, com larga vantagem sobre os adversários, Gleisi amarga atualmente um distante terceiro lugar, com 11% das intenções de voto, muito atrás do senador Roberto Requião (PMDB), que tem 33%, e do governador tucano Beto Richa (39%). Além de ser do mesmo partido da “companheira” Dilma, Gleisi sofre o desgaste de sua participação no governo federal e, quando retornou ao Senado, ter se transformado em uma das mais ferozes defensoras dos desmandos petistas, espécie de “buldogue palaciano”. Além disso, a senadora petista trabalhou exaustivamente para inviabilizar a CPI da Petrobras, como também operou, juntamente com Requião, contra a redução da maioridade penal.
Para complicar, Gleisi Hoffmann tem de explicar constantemente as ações de perseguição ao seu próprio estado, operação covarde que conduziu durante os três anos em que esteve à frente da Casa Civil da Presidência da República. No período, o Paraná, quinto estado que mais contribui com receitas para os cofres da União, tornou-se o segundo na lista dos que menos recebem recursos federais.
Até mesmo os empréstimos concedidos pela União a todos estados em 2012, como o Proinveste (R$ 817 milhões para combater os efeitos da crise de 2008), foram negados ao Paraná. O estado só conseguiu receber os recursos em 2014, após três liminares deferidas pelo Supremo Tribunal Federal. A última delas determinava a prisão do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, pelo crime de desobediência.
Explicar a razão por ter colocado um pedófilo tomando conta de crianças, por ter escolhido um acusado de corrupção para coordenar sua campanha, e por ter se empenhado para represar as verbas federais a que o Paraná tinha direito, está exigindo forças extras da senadora petista. Fora isso, Gleisi Hoffmann decidiu deflagrar um movimento de perseguição a jornalistas que lhe dedicam críticas e noticiam os seus tropeços políticos, como se o Brasil não continuasse sob o manto da democracia.