Fila do abate – Investigado na Operação Lava-Jato e acusado pela Polícia Federal de ser sócio do doleiro Alberto Youssef no “laboratório-lavanderia” Labogen, o deputado federal André Vargas Ilário, sem partido, deu mais um passo na direção da perda do mandato parlamentar. Isso porque nesta quarta-feira (2) o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou o relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que recomendou a cassação do mandato de Vargas.
O processo no Conselho de Ética foi aberto na esteira de representação apresentada pelo PSDB, Democratas e PPS, que no documento pediram que o colegiado investigasse o farto de André Vargas ter usado um jatinho alugado por Youssef durante viagem de férias para o Nordeste. O doleiro é acusado pelo Ministério Público Federal de ser um dos líderes de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões, mas a conta, segundo apurou o ucho.info pode ser muito maior, chegando inclusive a se aproximar do volume financeiro movimentado no escândalo do Banestado, em que Youssef também esteve envolvido.
Com a decisão do Conselho de Ética, o processo de perda de mandato terá de ser submetido à votação no plenário da Câmara. Contudo, o processo demorará a chegar ao plenário, caso o responsável pela defesa de André Vargas, o advogado Michel Saliba, apresentar recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na tentativa de reverter a decisão do Conselho. Saliba alega que seu cliente teve cerceado o amplo direito de defesa.
Para a perda do mandato parlamentar é necessário maioria absoluta de votos pela cassação, ou seja, pelo menos 257 deputados terão de acompanhar o voto do relator no Conselho de Ética. A partir desta quarta-feira, o advogado de Vargas terá cinco dias para contestar a decisão do Conselho de Ética e tentar reverter o resultado na CCJ.
Independentemente de ser culpado ou não, André Vargas não pode ser levado à fila da degola sozinho, pois há muitos mais políticos envolvidos no esquema criminoso comandado pelo doleiro Alberto Youssef, cuja frieza e ousadia chegam a impressionar até mesmo os que o conhecem. Se o propósito dos deputados é passar o Brasil a limpo a partir da Operação Lava-Jato, que os órgãos de fiscalização do Congresso mirem o Partido Progressista, pois metade da cúpula da legenda cai se as investigações seguirem o caminho da seriedade e da isenção.