Golpe baixo – Não é novidade no Paraná que a senadora Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao Palácio Iguaçu, agiu durante três anos, como chefe da Casa Civil da Presidência da República e depois como senadora, de forma deliberada e covarde para asfixiar as finanças de seu estado, “facilitando” seu projeto político de chegar ao governo.
Contudo, o assunto ganhou capítulo, que veio a público na campanha paranaense. A informação de que Gleisi não agiu sozinha deve piorar ainda mais a sua participação na disputa. Um documento-bomba, exibido na quinta-feira (21) na Rede Globo local, revela que Gleisi teve o auxílio do senador peemedebista Roberto Requião, que também concorre ao governo paranaense.
A revelação surgiu durante a série de entrevistas que a RPC/TV (repetidora da Rede Globo no Paraná) está fazendo com os candidatos ao governo. Requião foi o primeiro entrevistado, na quarta-feira (20), e garantiu, respondendo a pergunta do jornalista Sandro Dalpícolo, que “jamais havia votado contra a concessão de empréstimos ao Paraná”.
Na sequência foi a vez do governador Carlos Alberto Richa (PSDB), conhecido como Beto Richa, que exibiu documentos provando que o senador Requião fez pior. “Não só votou contra os empréstimos, como recorreu ao Supremo Tribunal Federal para tentar barrar a concessão de empréstimos pleiteados pelo Paraná”. A revelação de Richa mostra que dois terços da bancada do Paraná no Senado (Gleisi Hoffmann e Roberto Requião) agiram contra os interesses do estado que os elegeu para o parlamento federal.
Política de pocilga
Roberto Requião ingressou no STF com uma ação cautelar, em 28 de janeiro de 2014, para assegurar que o Paraná não recebesse recursos do Proinveste (Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal), criado para combater os efeitos da crise mundial de 2008 e que todos estados brasileiros – exceto o Paraná – já haviam recebido em 2012. Em 2014, depois de esgotadas todas as chicanas jurídicas e firulas administrativas criadas por Gleisi na Casa Civil, para impedir o Paraná de receber os recursos devidos (R$ 817 milhões), Requião entrou em campo para tentar garantir no STF que o estado continuasse sem receber os recursos federais.
O Paraná ingressou no STF e obteve três liminares determinando o pagamento imediato dos recursos do Proinveste ao estado. A última delas requeria, no caso de o pagamento não ser realizado imediatamente, além de multas diárias de R$ 500 mil, a prisão do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e do ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, por crime de desobediência.
Depois de ficar evidente que Gleisi Hoffmann não conseguiria impedir, de forma isolada, que os recursos federais chegassem ao caixa do governo do Paraná, Requião tentou manobra desesperada (ação cautelar) no STF para que o dinheiro jamais fosse destinado a investimentos no estado.
A questão do bloqueio dos empréstimos e recursos federais, que causou dificuldades financeiras ao Paraná, será um dos temas fortes da corrida ao Palácio Iguaçu. Com a ação judicial de Requião, revelada somente agora, fica claro que as explicações sobre a perseguição implacável que o estado sofreu nos últimos quatro anos terão de ser dissecadas não apenas pela petista Gleisi Hoffmann, mas também pelo descontrolado Roberto Requião.
Estado à deriva
Um dos mais importantes estados da federação, o Paraná vive um momento de extrema incerteza, pois a administração do tucano Beto Richa deixou a desejar, situação que vem dificultando seu desempenho como candidato à reeleição.
Sem a competência e a habilidade necessárias para conduzir o Paraná, Richa mostrou ao longo dos últimos anos que sua chegada ao Palácio Iguaçu foi um mais um equívoco do eleitorado do estado, que cansado da mesmice política elegeu o tucano na esperança de dias melhores.
Apenas para que o leitor conheça o cenário de agrura que domina a terra das araucárias, o governo estadual enfrentou um sério problema de fluxo de caixa, com direito a levar muitos credores ao desespero. É obvio que Richa tentará responsabilizar os adversários pela própria incompetência, mas os paranaenses não podem aceitar uma manobra rasteira e covarde. Beto Richa deveria ter um momento de lucidez e reconhecer que errou ao não considerar a irresponsabilidade dos inimigos políticos.