Dois pesos – Nada pode ser mais covarde do que um petista acuado diante da possibilidade de ver seu castelo de mentiras ruir a qualquer momento. Assim tem agido [com covardia] a cúpula do partido, que não sabe mais o que fazer para salvar a campanha de Dilma Rousseff pela reeleição. O clima de derrota começa a crescer nos bastidores da legenda, sendo que seus dirigentes adotaram a intransigência como ingrediente de todas as horas.
O mais novo motivo de desentendimento entre as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) é o falso vídeo em que Lula, o lobista, aparece declarando apoio à candidata que substituiu o finado Eduardo Campos. O autor do tal vídeo, Leandro Lima do nascimento, é filiado ao PSDB e mantém na rede mundial de computadores um site humorístico.
O vídeo foi postado no YouTube na noite da última quarta-feira (27) e causou uma enorme revolução, horas depois, no núcleo duro da campanha de Dilma Rousseff, que perderá a eleição não por caso dessa paródia, mas pelas trapalhadas que protagonizou como chefe de um governo paralisado e marcado pela incompetência.
O PT ingressou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda eleitoral irregular e pediu que o Ministério Público Eleitoral investigue o caso. Apelas para lembrar, na presidência do TSE está o petista Dias Toffoli. Em outra ponta da polêmica, o PSB classificou o vídeo como “tosco e fraudulento” e informou que recorrerá às mesmas instituições para descobrir o autor da fraude.
O mais interessante é a capacidade de reação do PT quando o assunto incomoda a legenda, que criou uma filial no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, onde os mensaleiros cumprem pena de prisão por corrupção e outros crimes. A cúpula petista não foi tão célere quando em redes sociais surgiram ameaças de morte ao então presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro aposentado Joaquim Barbosa, relator da Ação Penal 470 (Mensalão do PT).
O PT também não mostrou celeridade quando “companheiros” violaram o sigilo fiscal de tucanos durante a eleição presidencial de 2010, quando José Serra disputava com Dilma o direito de se instalar no Palácio do Planalto. De igual o modo (com lerdeza e preguiça) agiu quando lançou a boataria, em 2006, sobre a eventual privatização da Petrobras em caso de vitória do candidato do PSDB.
Contudo, é preciso reconhecer que o PT foi muito rápido por ocasião do trágico acidente no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no fatídico 17 de julho de 2007, quando 199 pessoas morreram com o impacto de um Airbus da TAM que se chocou contra o terminal de cargas da companhia aérea. Chegou a impressionar a velocidade com que os integrantes do governo federal aterrissaram na capital paulista, dominando os bastidores e o cenário da investigação.
Na sequência, os palacianos foram ligeiríssimos para chantagear representantes das empresas envolvidas direta o indiretamente no acidente aéreo, inclusive com direito a ameaças de levar à bancarrota algumas delas. As ameaças ocorreram na Casa Civil da Presidência da República, portanto no Palácio do Planalto, ao lado do gabinete de Lula, e a então ministra Dilma Rousseff, hoje presidente, não tem como negar tal fato.