Site sem dinheiro é como saco vazio, mas leitores reclamam de anúncios

(*) Ucho Haddad –

ucho_26Manter um site jornalístico de forma independente, sem se render à pressão e ao poderio financeiro do Estado, não é tarefa fácil. É preciso doses extras de coragem, persistência e patriotismo para seguir adiante. Apesar desses ingredientes imprescindíveis, no mundo moderno nada se faz sem recursos financeiros. Para dar sequência a um trabalho reconhecido e diariamente necessário como o do ucho.info, que não se intimida diante das pressões e ameaças dos governantes e dos poderosos, de algum ponto precisa surgir a garantia do amanhã. Ou seja, sem dinheiro limpo e honesto não há jornalismo de qualidade.

Ao longo de mais de treze anos de existência do site, resistimos bravamente às investidas milionárias daqueles que ousaram pensar que seria possível calar a voz do veículo de comunicação que transformou-se em “A MARCA DA NOTÍCIA”. Jornalismo opinativo, sério e imparcial é a tônica do nosso cotidiano, apesar de muitas vezes contrariamos os anseios de alguns leitores. Nosso compromisso maior é com a verdade dos fatos, por isso nem sempre agradamos a “gregos e troianos”. Em suma, podemos perder leitores, mas não abrimos mão da coerência e da ética.

Em dado momento, em meio a essa caminhada, fomos orientados por especialistas do mercado financeiro a buscar apoio junto aos leitores para manter o ucho.info no ar. Esse conselho decorreu de solicitação da direção do site, que naquele instante já se deparava com enormes dificuldades para seguir na luta pelo Brasil e pelos brasileiros. Apesar de relutar muito em aceitar a proposta, comum no mercado editorial norte-americano, o editor não teve como ignorar uma solução que parecia viável, mas que ainda está a anos-luz de distância.

Ainda em 2012, iniciamos campanha solicitando a colaboração dos leitores para evitar que o ucho.info se despedisse da rede mundial de computadores. O que sabemos fazer de melhor é escrever com firmeza e responsabilidade, sempre apontando as mazelas do Estado e cobrando dos governantes soluções para os problemas que chacoalham o País em todos os seus quadrantes. Mas isso tem um custo, que não é pequeno. Para muitos pode parecer ousadia de nossa parte pedir apoio financeiro, mas não nos restou outra saída que não essa.

Alguns colaboradores e amigos, aos quais sempre seremos gratos, acolheram de pronto o nosso apelo e até hoje continuam colaborando, mas a nossa meta financeira está muito longe de ser alcançada. A crise econômica que devasta do País atinge a todos, sem exceção, o que entendemos sem qualquer esforço. Contudo, o que acreditamos ser a solução continua sendo um pequeno paliativo. Isso porque as colaborações que temos recebido mensalmente não chegam a 5% das nossas necessidades mínimas. Por conta desse desencaixe, nossas dificuldades crescem a cada dia e o passivo financeiro só avança.

Com a inovação constante da internet e o advento das redes sociais, informar tornou-se algo fácil e corriqueiro, sendo que aquele que recebe a informação não se preocupa com a qualidade do que lhe é oferecido às enxurradas. Jornalismo com responsabilidade e qualidade é para poucos, como já ficou provado nessa usina de “achismos”, fofocas e mentiras em que se transformou o Brasil. Sério, responsável e consistente, nosso trabalho teve, como ainda tem, o reconhecimento até mesmo dos que são alvo de nossas críticas. Isso é resultado de um jornalismo praticado com devoção.

Como a realidade das colaborações ficou muito aquém das nossas expectativas, novamente saímos à busca de uma saída que postergasse o nosso fim. Foi então que surgiu a possibilidade de usar o marketing digital como fonte de recursos. Os resultados ainda são pequenos, mas as campanhas publicitárias que passaram a frequentar o site têm ajudado a minimizar o problema, cuja solução ainda está a léguas de distância.

Sabemos que um anúncio que surge sobre as notícias incomoda, mas pedimos aos nossos leitores que tenham paciência e compreensão, pois do contrário seremos obrigados a decretar o ponto final. Alguns leitores têm reclamado desse tipo de solução comercial, adotada também por quase todos os veículos de comunicação do País. Se usar o mouse para clicar fora do anúncio, fazendo com que o mesmo desapareça, é um esforço descomunal, então não há mais o que fazer, a não ser concluir que o nosso empenho foi em vão.

Certa feita, um leitor sentiu-se aviltado com o nosso pedido de colaboração e sugeriu que levantássemos da cadeira e buscássemos um trabalho. Como se defender a nação fosse brincadeira. Defender o Brasil e os brasileiros implica em muitas despesas, algumas fixas e outras extemporâneas, que juntas chegam a somas que não conseguimos alcançar. Isso porque a dignidade como profissionais e cidadãos não nos permitiu ceder ao dinheiro imundo do poder. Oportunidades não faltaram, mas preferimos conviver com as dificuldades e manter a consciência limpa. E por conta disso temos assistido à nossa asfixia financeira, operação covarde deflagrada pelos donos do poder.

Alguém há de perguntar o quanto um site pode consumir em termos financeiros. Processos judiciais, que exigem a contratação de advogados, despesas altas com telefonia, custos de internet, segurança cibernética, sobrevivência dos membros da equipe do site, mudança na rotina da vida por causa de ameaças, sequestro de familiares e intimidação de parentes… Tudo custa! Mesmo assim, imaginar que o leitor pudesse nos dedicar ao menos um clique foi inocência de nossa parte.

Aos leitores que deixaram de acessar o site por causa dos anúncios, até porque se irritam com isso, sugerimos as notícias da mídia amestrada, que sobrevive de uma forma que condenamos. Isso certamente fará com que as tão cobradas mudanças aconteçam daqui a 500 anos ou mais. Aos leitores que compreendem a nossa situação e enfrentam esses incômodos anúncios, agradecemos, sempre lembrando que o fim pode estar muito mais próximo do que parece. Evitar o fim, assim como evitar os anúncios, é simples, rápido e barato. Basta CONTRIBUIR com o ucho.info!

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.

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