Carona com o Senhor – Marina Silva passou a ouvir seus assessores de campanha e já começa a explorar eleitoralmente sua fé. A candidata do PSB é evangélica e não gostou das perguntas que lhe foram feitas, em Porto Alegre, sobre o tema. Na capital gaúcha, onde participou de sabatina promovida pelo Grupo RBS, Marina Silva disse que está sendo vítima de preconceito por ser evangélica.
“Essa pergunta é feita a mim porque sou evangélica, nunca vi ninguém fazendo essa pergunta a um líder católico ou a uma pessoa que não tenha crença”, respondeu Marina, ao ser questionada sobre a influência da crença religiosa em suas futuras decisões. “A fé de qualquer pessoa faz parte de sua vida e acho que deve ser respeitada tanto quanto quem não tem crença nenhuma. O presidente da República comprometido com o Estado laico tem de defender o Estado laico”, completou.
Marina Silva está abusando da vitimização para ver se cabala mais alguns votos, estratégia que pode não funcionar, caso os eleitores percebam que se trata de uma invencionice dos próprios assessores da candidata, que a orientam a explorar esse assunto. Marina não tem do que reclamar, pois há dias, em entrevista ao Jornal da Globo, a candidata disse aos apresentadores Christiane Pelajo e William Waack que “a Bíblia é sem sombra de dúvida uma fonte de inspiração” e que “as decisões são tomadas com base racional, para todas as pessoas”. Na ocasião, Marina foi questionada sobre se é verdade que toma decisões lendo aleatoriamente a Bíblia.
Ora, se a própria Marina Silva trata do assunto em um dos mais importantes telejornais do País, não há como criticar os jornalistas gaúchos que lhe fizeram perguntas baseados em suas recentes declarações.
O questionamento ocorrido em Porto Alegre é pertinente, uma vez que a sociedade brasileira quer respostas para temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto, assunto que não encontram qualquer espaço entre os evangélicos. Em época de campanha, os candidatos evangélicos sempre escapam pela tangente quando são questionados sobre temas polêmicos, estratégia adotada para não perder voto algum. Depois de eleitos, esses mesmos candidatos mudam o discurso e seguem a trilha da fé.
Prova maior da fé de Marina Silva e da sua fidelidade aos ensinamentos bíblicos surgiu horas depois de confirmada a informação de que Eduardo Campos morrera no acidente com o avião que caiu no bairro do Boqueirão, na cidade de Santos, em 13 de agosto passado. Marina, que na ocasião era candidata a vice na chapa de Campos, deveria ter embarcado na mesma aeronave, mas justificou como providência divina a decisão de viajar a São Paulo em voo de carreira.
O ucho.info não está colocando em xeque a fé de Marina Silva, mas apenas fazendo uso das informações para esclarecer um tema que pode ganhar viés polêmico por conta dos interesses eleitorais. O que importa aos brasileiros não é a religião do governante ou a forma como o mesmo expressa sua fé, mas, sim, que o País avance de maneira responsável e na medida do possível consiga se livrar da corrupção, a maior e mais temida chaga de uma nação. E para tanto é preciso muita perseverança e fé de sobra.
