Crítico contumaz dos escândalos petistas, o PPS se calou diante do caso do avião de Eduardo Campos

rubens_bueno_24Muito estranho – A política é uma ode à incoerência. No Brasil, a política existe à sombra do velho ditado “farinha pouca, meu pirão primeiro”, Desde que passou a integrar o bloco de oposição ao desgoverno do PT, o Partido Popular Socialista (PPS) desempenhou papel importante na tentativa de impedir que o Palácio do Planalto se transforma-se definitivamente em uma central ininterrupta de desmandos. É fato que a maioria que o governo conquistou no Congresso Nacional, a peso de ouro, sufocou a oposição, mas mesmo assim os partidos desse bloco têm resistido como pode, sempre considerando a questionável competência de alguns.

Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno tem estocado como pode o governo petista de Dilma Rousseff, ações que têm merecido espaço no ucho.info, mas o parlamentar adotou estranho e obsequioso silêncio em relação ao caso do avião (Citation 560 XLS) que se acidentou na cidade de Santos (SP), em 13 de agosto passado, matando todos os ocupantes, inclusive o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à época presidenciável do PSB.

Desde o trágico acidente, paira um imbróglio sobre o arrendatário de fato da aeronave, sem que o PPS tivesse feito qualquer cobrança mais incisiva a respeito do tema. Como se sabe, empresas de fachada de Pernambuco foram usadas para pagar algumas parcelas do arrendamento do jato à Cessna Leasing, o que tem dificultado, por enquanto, a identificação do responsável pela aeronave, que à sombra de um contrato polêmico foi transferido a empresários pernambucanos ligados a Eduardo Campos, sendo que um deles fora beneficiado meses antes por uma medida do governo local no âmbito de isenção fiscal.

As investigações apontam para o uso de caixa 2 pela campanha do então candidato Eduardo Campos, o que configura crime eleitoral grave. Campos foi substituído por Marina Silva, que desde então vem aparecendo de forma alternada no primeiro e segundo lugares das pesquisas de intenção de voto.

Marina Silva vem usando o discurso de que representa a “nova política”, mas sua postura conivente diante do caso do jato misterioso continua mostrando que não há novidade na sua forma de fazer política. Na verdade, Marina é o que se pode chamar de “mais do mesmo”, pois sua ligação quase umbilical com o Partido dos Trabalhadores, do qual foi fundadora, coloca em situação de fragilidade quando o assunto é fazer oposição ao status quo.

Contudo, estranha é a posição do PPS, integrante da coligação que tem Marina Silva como cabeça de chapa, pois a atuação dos parlamentares da legenda ao longo dos últimos onze anos e meio foi sempre marcada pelas cobranças em relação aos escândalos de corrupção e transgressões petistas. Em suma, não há mágica no estranho reino da política brasileira, cada vez mais complexo e desprovido de credibilidade.

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