Contagem regressiva – A fadiga material que atinge o PT em todo o Brasil, resultado do desastroso coquetel que mescla incompetência administrativa e corrupção, é particularmente grave no Paraná, onde a candidata petista ao governo do estado, Gleisi Hoffmann, adicionou aos pecados do partido espantosos escândalos. Entre eles, o mais notório foi ter levado um pedófilo, Eduardo Gaievski, para cuidar de políticas para crianças e adolescentes do governo federal.
Na sequência, a senadora-candidata escolheu como coordenador de campanha o deputado André Vargas (ex-PT), que está a um passo de ser cassado por associação com o doleiro Alberto Youssef em um empreendimento – o laboratório-lavanderia Labogen – criado para lesar o Ministério da Saúde. A última esperança do PT para evitar um fiasco histórico é a de que Gleisi venha a ser beneficiada por um “voto envergonhado” de petistas renitentes. São eleitores que poderiam optar pela petista, mas têm vergonha de declarar esse voto até mesmo para os institutos de pesquisa.
Essa combinação explosiva de desgaste do PT com escândalos está levando Gleisi a um desastre impensável até poucos meses. Primeira candidata preparada pelo PT para disputar o governo do Paraná de forma competitiva, a senadora está em terceiro lugar (com 12% das intenções de voto, segundo o Ibope. e 10%, de acordo com o Datafolha). No contraponto, Gleisi lidera a rejeição no estado (24%, segundo o Ibope) e pode, a seguir nesse viés de baixa, terminar a campanha com menos de dois dígitos, o que a colocaria aquém até dos raquíticos índices do PT do Paraná. Um vexame inacreditável que, além da derrota, pode levar à dizimação das bancadas federal e estadual do partido. Entre os candidatos petistas já há um clima de “salve-se quem puder”. Ninguém faz campanha por Gleisi e nenhum candidato quer ser visto ao seu lado.
Não bastasse o inegável mérito da candidata, a campanha de Gleisi Hoffmann vem sendo fulminada pela falta de sorte. Na última semana, faltando vinte dias para o primeiro turno, a Justiça paranaense proferiu a primeira sentença contra Eduardo Gaievski, o ex-braço direito de Gleisi na Casa Civil. O pedófilo foi condenado a dezoito anos e um mês de prisão pelo estupro de uma menina virgem de 14 anos, a qual foi atraída para um motel no rastro de oferta de emprego na prefeitura de Realeza. Trata-se da primeira condenação, sendo que outros 39 crimes sexuais estão à espera de julgamento, o que pode culminar com uma pena total de até 350 anos de cadeia. A condenação do pedófilo serviu para que os eleitores paranaenses recordassem esses crimes escabrosos e o fato de a ex-ministra ter levado um delinquente sexual para o governo e de tê-lo encarregado de comandar programas destinados às crianças brasileiras.
Como se o caso Gaievski fosse pouco, o eleitor paranaense é lembrado diariamente da falta de critério, e também de noção, da candidata do PT pela evolução do processo de cassação de André Vargas, seu coordenador de campanha. Nesta quinta-feira (25), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve julgar uma ação que propõe a perda do mandato do ex-petista na Câmara dos Deputados. Para turbinar o desespero de Gleisi, Vargas, em lugar de aceitar a sugestão de ir conformado para o abatedouro, luta com todas as armas para provar sua suposta inocência. André Vargas não só não aceita passivamente a cassação, como já deu vários sinais de que pode abrir a caixa de maldades e alvejar pesadamente Gleisi e o marido, o ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), com denúncias pesadas e comprometedoras caso seja cassado. È esperar para ver!