(*) Carlos Brickmann –
Nem todos os políticos próximos a Marina vão migrar para Aécio. O PSB se reúne hoje para decidir o futuro, mas deve dividir-se. Roberto Amaral, presidente do partido, está muito próximo de Dilma; o governador Ricardo Coutinho, da Paraíba, que luta pela reeleição, também (em seu Estado, o apoio de Dilma é importante para o segundo turno). O governador do Amapá, Camilo Capiberibe, é Dilma de coração, e ponto final.
Beto Albuquerque, vice de Marina, fecha com Aécio. Júlio e Tarciso Delgado, de Minas, são não apenas apoiadores, mas amigos de Aécio. O PSB de Pernambuco, que esmagou os adversários na eleição, é Aécio; a maior parte do partido, enojada com a campanha do PT contra Marina, deve segui-lo.
E o mais importante: Renata, viúva de Eduardo Campos, agora é Aécio desde criancinha. João, filho mais velho de Eduardo, adoraria entrar na campanha.
Marina Silva, que é quem tem votos no partido, vai com Aécio e promete empenhar-se por ele, desde que concorde com os principais pontos de seu programa de Governo. Sem problemas: todos já constam da lista tucana. E Marina, na campanha, garante que o apoio de Renata Campos não será apenas formal. A tragédia as aproximou; e se transformaram em amigas, numa ligação que envolve posição política, respeito mútuo, empatia. A presença de Marina na campanha é tão importante que Fernando Henrique Cardoso é quem a convida para participar.
Para quem foi achincalhada e insultada pelo PT, é a volta por cima.
Acertando os pontos
O PPS, que apoiou Marina, fecha com Aécio. O PV de Eduardo Jorge decide hoje – a dificuldade é que, nos vários Estados, o PV adotou posições diferentes, ora ao lado do PT, ora contra o PT. O PSOL, ao que tudo indica, vai com Dilma.
Primeiras pesquisas
Amanhã, quinta, no Jornal Nacional, saem as pesquisas Ibope e Datafolha. É a primeira oportunidade para saber quem sai na frente – ou não, ou talvez sim. Aplicando-se a margem de erro, talvez saiam os números da eleição na Bolívia.
Há controvérsias
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, PMDB, segundo colocado na disputa pelo Governo paulista, vê a possibilidade de disputar a Prefeitura paulistana em 2016. Só há um problema: Michel Temer, que comanda o PMDB, quer vê-lo longe.
A hora…
Há agora 28 partidos representados na Câmara Federal. No total, as legendas aliadas a Dilma têm 304 parlamentares; os adversários, 128. Mas não se impressione: se Dilma ganhar, os 304 se transformam em 404 de um dia para outro. Se Aécio ganhar, os 128 pulam para 328 antes da meia-noite do dia da apuração.
Dúvida: se é assim, para que tantos deputados? E para que tantos partidos? Teremos tantas correntes políticas nesse país que necessitem de partidos para organizar-se? A resposta, claro, é não: os partidos proliferam porque recebem bom dinheiro do Fundo Partidário (o PRTB de Levy Fidelix, por exemplo, tem pouco mais de R$ 100 mil mensais). Têm um determinado tempo na propaganda de TV, muito valioso.
Em outras palavras, vale a pena montar um partido.
…do limite
O Supremo derrubou uma vez a cláusula de barreira, que exigia 5% do eleitorado, dividido em nove Estados, para que um partido recebesse benefícios. Mas já se pensa nisso de novo. Mais um pouco, não haverá orçamento que chegue.
Coisa estranha
Está num vídeo amplamente divulgado: uma manifestação de agentes da Polícia Federal, no Rio, por aumento de salários. Críticas pesadas ao Governo Federal. E alguém, no carro de som, proclamando que, no dia em que os agentes federais contarem à imprensa o que sabem, acaba o Governo.
OK: ou eles mentem ou falam a verdade. Se mentem, é o fim da picada. Se não mentem, estarão prevaricando: um agente público não pode silenciar a respeito de irregularidades.
Dinheiro sobrando
Há 263 carros dos Correios abandonados há quase dois anos num terreno de Vila Matias, em Santos. Por que estão ali? Não se sabe. Por que estão ao ar livre, deteriorando-se, sujeitos a depredação e furtos? Não se sabe. A direção dos Correios não sabe? Sabe: em abril, há mais de seis meses, o Ministério Público Federal cobrou providências dos Correios. Talvez a carta não tenha chegado – e o fato é que até hoje os carros, comprados com o dinheiro do caro leitor, continuam abandonados.
O Ministério Público determinou que os Correios, em 30 dias, guardem os veículos em lugar adequado, em que não se deteriorem; elimine focos de mosquitos nos carros abandonados; faça o inventário dos carros, mande consertar os que forem aproveitáveis e venda os que não forem.
Simples, não? Mas há quase dois anos os carros estão lá, sem que a estatal federal se mexa.
O cargo e a surra
O senador Vital do Rêgo, do PMDB paraibano, lutou e conseguiu ser presidente das duas CPIs sobre a Petrobras. A notoriedade não lhe valeu muito: ficou em terceiro lugar na disputa do Governo da Paraíba, com 5,2% dos votos.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.