Bola da vez – Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores, por meio dos integrantes da cúpula da legenda, tem a oportunidade de afirmar que nada sabia sobre a ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras, com a expressa anuência do Palácio do Planalto. Essa oportunidade surge na esteira do depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Refino da estatal, ao juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, no âmbito do processo da Operação Lava-Jato.
Ao juiz disse Paulo Roberto que o Partido dos Trabalhadores ficava com 3% sobre o valor dos contratos da estatal. “Todos sabiam que tinha um porcentual dos contratos da área de abastecimento. Dos 3%, 2% eram para atender ao PT através da diretoria de Serviços”. Ou seja, o PT era beneficiado pela corrupção, mas não sabia de coisa alguma.
Ainda no depoimento que prestou à Justiça Federal, Costa não economizou detalhes e disparou: “Outras diretorias como gás e energia e produção também eram PT. Então, tinha PT na diretoria de produção, gás e energia e na área de serviços. O comentário que pautava a companhia nesses casos era que 3% iam diretamente para o PT”. Mesmo diante de uma declaração contundente e que faz parte do acordo de delação premiada, portanto devidamente checada, o PT continua negando qualquer participação no esquema.
“O que rezava dentro da companhia era que esse valor integral (3%) ia para o PT”, afirmou Costa, que acusou, sem titubear, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ao ser questionado sobre quem fazia a entrega e distribuição da propina ao partido do governo. “Dentro do PT [o contato] do diretor de serviços era com o tesoureiro do PT, Sr. João Vaccari, a ligação era diretamente com ele”. E obviamente os petistas palacianos não sabiam.
Por maior que seja o desejo do PT de negar qualquer envolvimento no maior escândalo de corrupção da história nacional, a tentativa desastrada desmorona no rastro do depósito (R$ 2 milhões) feito pelo doleiro Alberto Youssef na conta da campanha de Dilma, em 2010. Youssef fez o depósito a pedido de Paulo Roberto Costa, que por sua vez atendeu solicitação feita pelo petista Antonio Palocci Filho, que coordenava a campanha da “companheira” Dilma.
O PT não apenas sabia do esquema de corrupção que funcionava, como incentivava o desmando e dele se beneficiava. Esse modelo criminoso passou a funcionar com largueza na Petrobras porque foi a forma encontra pelo Palácio do Planalto para, substituindo o modus operandi do Mensalão do PT, manter azeitada a chamada base aliada, que jamais votou a favor do governo Lula por sintonia ideológica ou convergência política. O histórico e esmagador apoio conquistado (sic) pelo agora lobista de empreiteira se deu no vácuo de superfaturamento de contratos da Petrobras, desvio de dinheiro público, fraude tributária e evasão de divisas.
Quando, em matéria recente, o ucho.info afirmou que em curto espaço de tempo a Operação Lava-Jato subiria a rampa do Palácio do Planalto, não o fez com base em especulação, mas sabendo o andamento das investigações e conhecendo as entranhas do esquema criminoso que em seus primórdios tinha José Janene como principal operador.
Confira abaixo o áudio do depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, ao juiz federal Sérgio Moro
Parte I
Parte II
Parte III