Covardia rouge – Desde que Aécio Neves anunciou que, caso aterrisse no Palácio do Planalto, a pasta da Fazenda ficará a cargo de Armínio Fraga, a cúpula petista e o staff da campanha de Dilma Rousseff não têm economizado críticas e zombarias àquele que no governo FHC comandou o Banco Central. O economista vem sofrendo uma espécie de “bullying político”, pois a candidata petista tem repetido que, caso cheque ao cargo, Armínio combaterá a grave crise que chacoalha o País com desemprego e taxas de juro elevadas, entre outras medidas impopulares.
Como sempre afirma o ucho.info, a política é o cotidiano exercício da incoerência, não importando aos seus atores o que foi dito no passado. O que mais impressiona é a forma covarde e rasteira como se estabelecem as relações políticas, desde que uma ou outra agremiação política seja vitoriosa. Em outras palavras, vale tudo e mais um pouco desde o raiar do sol ao anoitecer.
Enquanto o PT massacra Armínio Fraga, assim como fez com Marina Silva, a presidente-candidata tenta pinçar na sua agenda, sem qualquer dose de sucesso, alguns nomes para assumir o Ministério da Fazenda. Até agora, no embalo do fiasco, Dilma testou os nomes dos empresários Josué Alencar (filho de José Alencar) e Abílio dos Santos Diniz, ex-sócio do Grupo Pão de Açúcar e agora na dianteira da Brasil Foods. Mas o mercado financeiro não reagiu positivamente aos nomes de Alencar e Diniz
Em outra ponta da polêmica está a imprensa amestrada, que em troca de alguns gordos contratos publicitários publica aquilo que é do interesse do Palácio do Planalto. Esquecem, porém, que Armínio Fraga já foi o sonho de consumo do PT. É o que destaca na edição desta segunda-feira (13) o blog Coturno Noturno, com base em matéria de agosto de 2002.
Em 10 de agosto de 2002, quando Lula estava em plena campanha para chegar ao comando do País, o jornal “Folha de S. Paulo” publicou matéria com o título “PT quer ajuda de Armínio Fraga em governo de Lula”. Assinada pelo jornalista Fábio Zanini, a matéria destacava o grande interesse da cúpula petista em ter Armínio pelo menos como consultor informal.
“Petistas com voz ativa na campanha consultados pela Folha vêem o presidente do BC como peça importante para o período de transição e para a fase subsequente à hipotética posse de Lula”, escreveu Zanini.
Mais adiante,o jornalista destaca: “É tido, inclusive por Lula, como técnico competente, que se preocupa mais com a economia do que com posicionamentos partidários. Acima de tudo, é considerado bom negociador, mantendo relação estreita com um dos porta-vozes econômicos do PT, Aloizio Mercadante (SP)”.
O Armínio Fraga que hoje é alvo dos ataques de Dilma é o mesmo que recebeu elogios da “companheirada”, inclusive de Lula, então candidato presidencial e agora um bem sucedido lobista de empreiteira.
Contudo, causa espécie a covardia que marca a existência de Aloizio Mercadante, hoje chefe da Casa Civil e integrante do staff da campanha de Dilma. Atuando como mero espectador do ataque sórdido a Armínio Fraga, o ministro Mercadante foi incapaz de impedir que a campanha petista abusasse do jogo sujo, mesmo sabendo da relação estreita com o ex-presidente do BC. Mas não se poderia esperar atitude diferente de quem um dia conseguiu a proeza de revogar o irrevogável. Enfim, o PT é uma usina de mitomania.
