Batalha dura – Um segundo profissional de saúde foi diagnosticado com ebola nos Estados Unidos, informou o Departamento de Serviços Médicos do Texas nesta quarta-feira (15). Assim como no primeiro caso de transmissão de ebola em território norte-americano, o infectado também tratou do paciente da Libéria que morreu da doença na última semana, em Dallas.
O funcionário contaminado teve febre na terça-feira e foi isolado no Texas Health Presbyterian Hospital Dallas. Sua identidade não foi revelada.
“As autoridades de saúde entrevistaram o último paciente para rapidamente identificar quaisquer contatos ou potenciais exposições, e essas pessoas serão monitoradas”, disse o Departamento de Serviços Médicos em comunicado. “Um novo profissional de saúde com ebola é motivo para grave preocupação, e o Departamento já tomou medidas ativas para minimizar o risco para funcionários e pacientes.”
No último domingo (12), a enfermeira Nina Pham, de 26 anos, havia sido diagnosticada com o vírus, após ter tratado de Thomas Eric Duncan, que morreu em 8 de outubro. Segundo o hospital, a enfermeira se encontra em bom estado de saúde.
As autoridades estão monitorando 76 profissionais de saúde envolvidos nos cuidados do liberiano ou que manusearam suas amostras de sangue no hospital onde ele foi internado em Dallas. Acredita-se que Duncan tenha contraído a doença na Libéria. Ele foi a primeira pessoa diagnosticada com o ebola nos EUA, o primeiro caso registrado fora da África.
Pelo menos 4.447 pessoas já morreram na África Ocidental, na pior epidemia de ebola de todos os tempos.
O que causa o ebola?
O ebola pode ser contraído tanto de humanos como de animais. O vírus é transmitido por meio do contato com sangue, secreções ou outros fluídos corporais.
Agentes de saúde frequentemente são infectados enquanto tratam pacientes com ebola. Isso pode ocorrer devido ao contato sem o uso de luvas, máscaras ou óculos de proteção apropriados.
Em algumas áreas da África, a infecção foi documentada por meio do contato com chimpanzés, gorilas, morcegos frutívoros, macacos, antílopes selvagens e porcos-espinhos contaminados encontrados mortos ou doentes na floresta tropical.
Enterros onde as pessoas têm contato direto com o falecido também podem transmitir o vírus, enquanto a transmissão por meio de sêmen infectado pode ocorrer até sete semanas após a recuperação clínica.
Ainda não há tratamento ou vacina para o ebola.
Sintomas
No início, os sintomas não são específicos, o que dificulta o diagnóstico. A doença é frequentemente caracterizada pelo início repentino de febre, fraqueza, dor muscular, dores de cabeça e inflamação na garganta. Isso é seguido por vômitos, diarreia, coceiras, deficiência nas funções hepáticas e renais e, em alguns casos, sangramento interno e externo.
Os sintomas podem aparecer de dois a 21 dias após a exposição ao vírus. Alguns pacientes podem ainda apresentar erupções cutâneas, olhos avermelhados, soluços, dores no peito e dificuldade para respirar e engolir.
Diagnóstico
Diagnosticar o ebola é difícil porque os primeiros sintomas, como olhos avermelhados e erupções cutâneas, são comuns. Infecções por ebola só podem ser diagnosticadas definitivamente em laboratório, após a realização de cinco diferentes testes.
Esses testes são de grande risco biológico e devem ser conduzidos sob condições de máxima contenção. O número de transmissões de humano para humano ocorreu devido à falta de vestimentas de proteção.
“Agentes de saúde estão, particularmente, suscetíveis a contraírem o vírus, então, durante o tratamento dos pacientes, uma das nossas principais prioridades é treinar a equipe de saúde para reduzir o risco de contaminação pela doença enquanto estão cuidando de pessoas infectadas”, afirma Henry Gray, coordenador de emergência do grupo “Médicos Sem Fronteiras” (MSF) durante um surto de ebola em Uganda, em 2012.
“Nós temos que adotar procedimentos de segurança extremamente rigorosos para garantir que nenhum agente de saúde seja exposto ao vírus, seja por meio de material contaminado por pacientes ou lixo médico infectado com ebola”.
Tratamento
Ainda não há tratamento ou vacina específicos para o ebola. O tratamento padrão para a doença limita-se à terapia de apoio, que consiste em hidratar o paciente, manter seus níveis de oxigênio e pressão sanguínea e tratar quaisquer infecções.
Apesar das dificuldades para diagnosticar o ebola nos estágios iniciais da doença, aqueles que apresentam os sintomas devem ser isolados e os profissionais de saúde pública notificados. A terapia de apoio pode continuar, desde que sejam utilizadas as vestimentas de proteção apropriadas até que amostras do paciente sejam testadas para confirmar a infecção.
MSF conteve um surto de ebola em Uganda em 2012, instalando uma área de controle entorno do centro de tratamento.
O fim de um surto de ebola apenas é declarado oficialmente após o término de 42 dias sem nenhum novo caso confirmado. (Com agências internacionais e “Médicos Sem Fronteiras”)