Bomba-relógio – Enquanto algumas pesquisas eleitorais apontam vantagem numérica da petista Dilma Rousseff em relação ao tucano Aécio Neves, o Partido dos Trabalhadores parece não estar tão tranquilo. O staff da legenda montou uma estrutura cibernética que vem disparando nos últimos dias e-mail com realizações (sic) de Dilma, como se a parcela pensante da população não soubesse da verdade, cada vez mais assustadora.
No Rio de Janeiro, onde na noite desta sexta-feira (24) participa do último debate eleitoral, Dilma disse no dia anterior que seu governo conseguiu reduzir a taxa de desemprego, que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegou a 4,9% em setembro, a menor taxa para o mês desde 2002. Por questões óbvias, a presidente-candidata pegou carona nos dados do IBGE, exaltando ao máximo aquilo que não deve ser levado em consideração pelos brasileiros.
Dilma, na verdade, escondeu um dado importante do IBGE: a redução do índice e desemprego no país é decorrente da queda do número de pessoas que buscam trabalho. Isso significa também que a população economicamente ativa está encolhendo, cenário muito perigoso para um país que está em crise, como é o caso do Brasil. Para piorar o quadro, o valor médio dos salários vem diminuindo de forma paulatina nos últimos doze meses, o que complica ainda mais o que já era extremamente grave.
Preocupada apenas com o seu projeto de reeleição, Dilma não se incomoda em mentir de maneira acintosa aos brasileiros, pois os números da economia não fecham, mesmo com doses extras de boa vontade. Quando a presidente decidiu que o reajuste do salário mínimo se daria por meio de decreto, o ucho.info foi incisivo ao afirmar que a medida seria um tiro pela culatra, pois o governo não levou em conta a possibilidade de a economia entrar em ritmo lento, como acontece agora.
A fórmula criada pelos gênios palacianos estabelece que o reajuste do salário mínimo se dá através da somatória dos índices da inflação oficial, medida pelo IPCA, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao ano anterior do cálculo. Isso significa que em 2016 o salário mínimo terá reajuste real próximo de zero, pois a previsão de crescimento da economia neste ano é de no máximo 0,2%.
As consequências desse cenário de horror são múltiplas e devastadoras. A primeira delas é que não se consegue movimentar a economia – e por consequência reverter a crise – sem dinheiro em volume suficiente para garantir o consumo interno em níveis aceitáveis. Se nos dias atuais o consumo já registra recuo, em 2016, com a inflação em alta e o salário quase reajuste, a situação certamente será muito pior. Mesmo assim, Dilma afirma em seus programas de campanha que tudo será melhor, como se ela fosse uma candidata da oposição.
A queda no consumo significa também queda na arrecadação de impostos. Ou seja, os investimentos em infraestrutura tendem a diminuir, comprometendo ainda mais a situação do País. Como consequência da redução dos investimentos no setor surge a não criação de novos empregos, o que faz com que cresça a procura pelo seguro-desemprego. Em outras palavras, a despesa do governo federal tende a subir, enquanto a arrecadação estará em rota de descenso.
No momento em que o salário mínimo não é contemplado por um aumento justo, a situação dos aposentados tende a piorar sobremaneira, o que configura como ato de covardia contra aqueles que durante anos a fio contribuíram para a Previdência Social. Ainda a seara da Previdência, o tesouro Nacional deve se preparar, pois faltara mais dinheiro para honrar o pagamento dos benefícios de aposentados e pensionistas. Sempre lembrando que com o passar do tempo aumenta o número de aposentados, ao passo que diminuí o de contribuintes.
O cenário se agrava quando levada em consideração a inflação. Ninguém prometer maravilhas em termos econômicos no momento em que a inflação oficial está acima do teto da meta e o consumo encolhendo cada vez mais. Esse binômio – inflação alta e consumo baixo – funciona como bomba-relógio em uma economia comandada por governantes incompetentes, como é Dilma Rousseff.