Corda bamba – Diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza admitiu ter se encontrado com seu antecessor, Paulo Roberto Costa, e também de ter falado com ele por telefone. A afirmação foi feita quando Cosenza respondia a perguntas do líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), durante reunião da CPMI da Petrobras, nesta quarta-feira (29).
Cosenza havia negado relacionamento com Paulo Roberto minutos antes, quando interpelado pelo relator, deputado federal Marco Maia (PT-RS). “Sua resposta mudou muito. Agora, o senhor foi alertado por nós que está sob juramento e que será processado se mentir”, comentou Bueno, um dos autores do requerimento de convocação do executivo.
O diretor da Petrobras disse que encontrou-se com Paulo Roberto Costa duas vezes e que falou com ele por telefone em três ocasiões. A Polícia Federal suspeita que Cosenza continuou com o esquema de superfaturamento de contratos e distribuição de propina a partidos e políticos que vinha sendo implementado por Costa.
A PF chegou a tal conclusão após encontrar agendas no apartamento de Costa nas quais estavam anotados os contatos com Cosenza, além de planilhas e e-mails. “Consta que o senhor mantinha encontros periódicos com Paulo Roberto e que despachava com ele sobre assuntos da Petrobras”, reforçou Rubens Bueno.
O parlamentar quis saber quais assuntos foram tratados por Cosenza com Paulo Roberto. O diretor de Abastecimento disse que precisou tirar dúvidas sobre o serviço da diretoria. Ao explicar o segundo encontro, Cosenza se contradisse. Afirmou, em primeiro lugar, que Costa havia levado a ele uma proposta de construção de minirrefinarias.
Quando o líder do PPS espantou-se com o fato de o ex-diretor fazer essa proposta, Cosenza negou que o tenha recebido pessoalmente. “Ele mandou uma carta e essa carta foi respondida”, afirmou, sustentando que o projeto foi refutado pela companhia.
Bueno lembrou que a imprensa divulgou amplamente o esquema de desvio de dinheiro levado a cabo por Paulo Roberto. “O senhor não fez nada, continuou com as mesmas práticas?”, questionou. Cosenza insistiu em repetir que não sabia de nada sobre o cartel de empresas que participavam das ilegalidades nem dos superfaturamentos e pagamentos de propina.
“Até a presidente Dilma admitiu os desvios. Como o senhor, que é diretor, não soube nem sabe de nada?”, tornou a perguntar Bueno. Cosenza limitou-se a dizer que não poderia falar sobre a opinião da presidente da República. Após muita insistência, o diretor respondeu que há seis meses, portanto após a Operação Lava-Jato, a Petrobras pediu a uma empresa para investigar o caso na companhia.