Painel da ONU exige fim das emissões de gases estufa até 2100

poluicao_ar_02Alerta geral – Diante das recentes constatações do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou em Copenhague no domingo (2) para a luta contra o aquecimento global.

Na divulgação do novo documento do IPCC, Ban afirmou que “o tempo não está do nosso lado”. Na capital dinamarquesa, o secretário-geral apresentou um resumo de 40 páginas dos três relatórios mais recentes elaborados pelo Painel do Clima da ONU nos últimos 12 meses.

De acordo com o relatório, se as emissões de CO2 e de outros gases estufa forem reduzidas a quase zero nos próximos 90 anos, será possível limitar o aquecimento global a cerca de 2°C em relação à era pré-industrial e causar custos sustentáveis.

Segundo o IPCC, as mudanças climáticas são inegáveis, irreversíveis e os governos só podem reduzir os seus efeitos nefastos por meio do corte das emissões de gases do efeito estufa nas próximas décadas. O relatório reiterou que, com grande probabilidade, 95% das mudanças climáticas foram causadas pela atividade humana.

Base para acordo sobre o clima

Desde 2010, milhares de pesquisadores de dezenas de países vêm trabalhando na elaboração dos relatórios do IPCC. Na última semana, centenas desses pesquisadores do clima se reuniram em Copenhague para finalizar o documento sobre as medidas para enfrentar e mitigar as mudanças climáticas.

O documento divulgado neste domingo servirá de base para a Conferência Mundial do Clima a ser realizada no Peru, no final de novembro. Esta, por sua vez, servirá de preparação para o encontro decisivo, que deverá acontecer um ano depois em Paris. Ali, pretende-se que a comunidade mundial alcance um acordo abrangente sobre o clima.

Em Copenhague, o secretário-geral da ONU assinalou que as constatações coletadas pelo IPCC mostram aos políticos a urgência da luta contra o aquecimento global e que o objetivo seria aprovar um tratado climático ambicioso no final do próximo ano. Esse acordo deve proporcionar ao mundo um futuro climático mais favorável, disse Ban.

Consequências sérias e irreversíveis

Mais de 800 cientistas de mais de 80 países participaram da elaboração do relatório. Eles se basearam no trabalho de mais de mil autores que contribuíram para o documento, que contou ainda com a colaboração de 2 mil revisores, afirmou o IPCC.

Ottmar Edenhofer, economista-chefe do Instituto de Pesquisas de Impacto Climático de Potsdam (PIK), na Alemanha, foi um dos principais responsáveis pelo último relatório do IPCC. Segundo Edenhofer, “a luta contra as mudanças climáticas é pagável, mas não estamos no caminho certo”. De acordo com o IPCC, sem as devidas reações, crescerá bastante o risco de que, no final do século 21, o aquecimento global venha a provocar consequências sérias e irreversíveis para o mundo.

Entre essas consequências, estão, por exemplo, o derretimento completo das geleiras da Groenlândia e, com a elevação do nível dos oceanos, a inundação de grandes áreas de regiões costeiras, afirmou o presidente do Painel do Clima da ONU, Rajendra Pachauri, acrescentando que isso pode levar a um aumento da pobreza e a uma fuga em massa das populações de países pobres. (Com agências internacionais)

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