Gleisi está na linha de frente dos políticos que devem esclarecimentos sobre o “Petrolão”

gleisi_hoffmann_53Banco dos réus – Desde as primeiras horas da Operação Juízo Final, da Polícia Federal, que viabilizou a sétima etapa da Operação Lava-Jato e mandou para a cadeia os executivos das principais empreiteiras do País, o Palácio do Planalto trabalha para transformar a presidente Dilma Rousseff em uma espécie de justiceira do escândalo do “Petrolão”, esquema de corrupção que funcionava na Petrobras com a explícita anuência do governo federal.

Assessores palacianos tentam convencer a opinião pública de que a Lava-Jato só foi possível porque Dilma endossou a operação da Polícia Federal, promovendo recentemente, inclusive, a demissão de diretores da estatal envolvidos no maior escândalo de corrupção da história brasileira. A presidente não tinha outra saída que não o de ordenar a demissão dos diretores da Petrobras, sob pena de responder por crime de prevaricação.

Enquanto tenta colher dividendos políticos no rastro do Petrolão e das operações da Polícia Federal, Dilma enfrenta os efeitos colaterais do envolvimento de integrantes do Partido dos Trabalhadores e pessoas de sua suposta confiança no escândalo. Uma das encalacradas é a senadora petista Gleisi Hoffmann, que durante anos manteve relação umbilical com as empreiteiras acusadas de participação no esquema.

Gleisi e o marido, Paulo Bernardo da Silva (ministro das Comunicações), devem integrar a primeira lista de políticos convocados a prestar declarações à CPMI da Petrobras sobre o envolvimento com o Petrolão. A base dos questionamentos a Gleisi e Bernardo é o vazamento de depoimentos de Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo os quais a petista teria recebido R$ 1 milhão para a sua campanha ao Senado nas eleições de 2010. A senadora e Paulo Bernardo negam as acusações.

Além do montante de R$ 1 milhão, revelado pelos delatores da Lava-Jato e não declarado à Justiça Eleitoral, parte da campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado em 2010 foi bancada por empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras, cujos principais executivos foram presos na última sexta-feira (14). No âmbito oficial, somente das empreiteiras com contratos com o governo e seus diretores Gleisi recebeu R$ 3,71 milhões.

Na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, a petista declarou ter arrecadado R$ 7,97 milhões ao longo da campanha eleitoral. As doações equivalem a 46,49% da arrecadação total de Gleisi. O valor deve ser maior, já que Gleisi recebeu mais R$ 2,78 milhões dos diretórios nacional e estadual do PT. Considerando que as doações das empreiteiras costumam representar 75% da arrecadação do PT, estima-se que Gleisi recebeu outros R$ 2,08 milhões de forma indireta das grandes construtoras. Somados os dois montantes, as empreiteiras bancaram 72,63% da campanha de Gleisi em 2010.

Detalhando os valores, Gleisi recebeu das seguintes empreiteiras e seus diretores: Camargo Corrêa (R$ 1 milhão), OAS (R$ 780 mil), UTC Engenharia (R$ 250 mil), CR Almeida (R$ 250 mil), Coesa Engenharia (R$ 220 mil), João Sanches Junqueira (R$ 170 mil), Antonio Sanches (R$ 170 mil), Paulo Francisco Tripoloni (R$ 170 mil), Cavalca Construções (R$ 100 mil), Construtora Central do Brasil (R$ 100 mil), Contax (R$ 100 mil), Alusa Engenharia (R$ 70 mil), Paranapanema (R$ 50 mil), Carlos Roberto Nunes Lobato (R$ 50 mil), José Maria Ribas Muller (R$ 50 mil), Cimento Itambé (R$ 50 mil), Brookfield Brasil (R$ 30 mil), Ecoplan Engenharia (R$ 25 mil), Arteleste Construções (R$ 25 mil), Fidens Engenharia (R$ 25 mil) e Enpa Engenharia (R$ 25 mil).

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