Lava-Jato: para deixar a prisão, vice-presidente da Mendes Junior faz proposta galhofeira à Justiça

sergio_mendes_01Virou piada – Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente executivo da construtora Mendes Júnior, preso pela Polícia Federal durante a Operação Juízo Final, sétima fase da Operação Lava-Jato, propôs nesta sexta-feira (21) à Justiça Federal, por meio de seu advogado, o compromisso de não mais fazer doações em dinheiro a partidos políticos em troca da concessão de liberdade provisória com restrições.

No pedido encaminhado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos decorrentes da Lava-Jato, o advogado Marcelo Leonardo afirma que o executivo colaborou com as investigações, respondeu a todas as perguntas formuladas pelos delegados da PF e confirmou ter pago propina ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e ao doleiro Alberto Youssef. A defesa argumenta ainda que Mendes também forneceu aos agentes da PF a senha do cofre instalado em sua casa e levado oficialmente no dia em que os mandados foram cumpridos.

Em troca da substituição de prisão preventiva, o vice-presidente da Mendes Junior se comprometeu a não participar, por meio da construtora, de cartel para direcionar obras públicas; a fornecer os livros contábeis da empreiteira para os investigadores; não manter contato com outros investigados na operação; além de ficar em casa nos período noturno e nos dias de folga.

Sérgio Cunha Mendes está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde, na última terça-feira (18), relatou aos delegados que foi obrigado a pagar propina de R$ 8 milhões ao doleiro Alberto Youssef. Segundo ele, Youssef exigiu o pagamento da quantia para que a Mendes Júnior recebesse os valores a que tinha direito em contratos de serviços licitamente prestados e para continuar participando das licitações da Petrobras. De acordo com a defesa, foram feitos quatro pagamentos subsequentes no valor de R$ 2 milhões cada, sendo o primeiro em julho de 2011 e o último em setembro do mesmo ano.

A afirmação de que teria sido extorquido por Youssef e Costa é uma tentativa absurda de minimizar sua culpa por ter participado da ciranda de corrupção que funcionava na estatal, mas não será a bordo dessa estratégia pífia que Sérgio Cunha Mendes irá se livrar da prisão. Beira a estranheza o fato de o advogado Marcelo Leonardo, famoso em Minas Gerais, levar ao juiz da Lava-Jato uma proposta tão esdrúxula e galhofeira. Afinal, as investigações da Operação Lava-Jato estão no começo e novos escândalos hão de surgir de agora em diante. Por isso a prisão de Sérgio Mendes não pode ser revogada no vácuo de um argumento pífio.

O que Sérgio Cunha Mendes propõe à Justiça Federal chega a ser ofensivo, pois é o mesmo que um assassino propor a sua soltura em troca da promessa de não mais cometer homicídios. Fato é que Cunha Mendes está acostumado a viver de forma nababesca e enfrentar o cotidiano da prisão não é tarefa fácil, especialmente para os refinados malandros que fizeram girar o Petrolão. Tanto é assim, que o executivo manteve-se foragido no dia em que foi deflagrada a Operação Juízo Final, pois rechaçou a ideia ser levado a Curitiba no avião da Polícia Federal utilizado no transporte de presos. Cunha Mendes entregou-se no sábado, em Curitiba, para onde viajou a bordo de um jato da construtora.

O vice-presidente da Mendes Junior deve se conformar com a realidade, mesmo que dura, porque enquanto estava a participar do esquema criminoso que saqueou os cofres da Petrobras não pensou na possibilidade de em algum momento a lei entrar em cena.

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