Sol quadrado – A tese de leniência arquitetada pelo falecido criminalista Márcio Thomaz Bastos para salvar as empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato fracassou, como antecipou com exclusividade o UCHO.INFO. A estratégia de extorsão, idealizada às pressas pelos advogados dos presos na Operação Juízo Final, sétima fase da Operação Lava-Jato, também naufragou. Até porque, somente um desavisado seria capaz de apostar que a Polícia Federal e o Ministério Público acolheriam com facilidade a desculpa esfarrapada de que os executivos das empreiteiras do Petrolão foram extorquidos por diretores da Petrobras e partidos políticos.
Durante longas décadas, os donos de empreiteiras acreditaram ser proprietários do Brasil, como se por aqui não existissem leis e autoridades com coragem, como é o caso do juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato. A ousadia desses empresários da construção pesada é tamanha, que recentemente Marcelo Odebrecht disse em entrevista que não vê problema em interferir nas decisões do Estado.
Pelo naipe dos advogados contratados pelas empreiteiras para defender seus executivos é possível imaginar o quanto foi saqueado dos cofres da Petrobras, onde funcionava a ciranda de corrupção operada por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, e pelo doleiro Alberto Youssef.
Acostumados à vida nababesca, os presos na Operação Juízo Final estão enfrentando a realidade do cárcere, onde são obrigados a comer a refeição oferecida pela Polícia Federal, muito diferente da servida nos restaurantes de luxo que frequentavam. Além disso, lavam a própria roupa em dois tanques anexos à carceragem e dividem uma pia e um vaso sanitário com os companheiros de cela. Situação inusitada para quem vivia às custas do suado dinheiro dos brasileiros, os verdadeiros donos da Petrobras.
Na contramão das muitas e fracassadas tentativas de colocar em liberdade esses quadrilheiros, o Ministério Público Federal informou nesta segunda-feira (24) que tem provas em quantidade suficiente para oferecer denúncia contra os executivos das empreiteiras, além de Renato Duque e Paulo Roberto Costa, ex-diretores da estatal, e Fernando Soares, acusado de ser o operador do PMDB, e o doleiro Alberto Youssef. Entre as empreiteiras que terão seus executivos denunciados estão: Camargo Corrêa, Mendes Junior, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e UTC.
De acordo com o MPF, a denúncia será oferecida ainda em 2014, antes do recesso do Judiciário, que começa no dia 20 de dezembro. Isso significa que os denunciados poderão continuar presos até o final do processo, o que pode demorar alguns meses. Ou seja, alguns dos executivos de empreiteiras podem não sair da prisão, caso a Justiça continue rechaçando os pedidos de habeas corpus apresentados pelos advogados. No momento em que a Operação Lava-Jato chegar à seara política e nomes forem divulgados, o Brasil poderá pensar em mudança no futuro, desde que os brasileiros de bem não desistam de cobrar um desfecho exemplar para o maior escândalo de corrupção da história nacional.