Dilma cobra de líderes da base aliada a aprovação de projeto que atropela a LDO e anula meta fiscal

dilma_rousseff_425Banditismo político – Exigir coerência na seara política é a mais hercúlea das tarefas, quiçá seja impossível, mas a desfaçatez dos políticos brasileiros chega a assustar. Em 1989, quando concorreu à Presidência da República, Luiz Inácio da Silva perdeu de forma fragorosa para Fernando Collor de Mello, que abusou do jogo sujo e, anos depois, acabou apeado do poder por conta de escândalos de corrupção. Após reaver os direitos políticos, Collor voltou à cena e elegeu-se senador por Alagoas. Não demorou muito para que o ex-presidente, o primeiro a ser alvejado por um processo de impeachment, se juntasse ao bando comandado por Lula.

Agora de volta à sempre obediente base aliada, Fernando Collor foi anunciado, nesta segunda-feira (1), como líder do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Senado Federal. Ou seja, o senador alagoano tratará com a presidente Dilma Rousseff os assuntos de interesse do governo, sempre com a devida e criminosa contrapartida. Citado no escândalo do Petrolão como um dos beneficiários do esquema de corrupção que funcionava na Petrobras, Collor foi apresentado como líder do partido pelo senador Gim Argello (PTB-DF), durante reunião com a presidente da República.

Para um governo que está mergulhado na lama da corrupção, Dilma Rousseff está se cercando de pessoas escolhidas com esmero. O PTB foi parceiro do PT no Mensalão, motivo suficiente para o cancelamento do registro da legenda, fosse o Brasil um país minimamente sério. Mas como o governo do PT não se importante com crimes cometidos no universo político, desde que a base aliada permaneça coesa, todo malandro com mandato é sempre bem recebido.

Desespero oficial

Aflita para garantir quorum no Congresso Nacional e, na terça-feira (2), aprovar o PLN 36/2014 que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias e anula a meta de superávit fiscal, Dilma chamou para um encontro os líderes dos partidos da base aliada. Uma atitude que denota desespero por parte da presidente, ao mesmo tempo em que deixa os partidos aliados em situação de conforto. Dilma quer nomear ministro do novo governo depois da aprovação do PLN 36, mas os partidos exigem que as indicações ocorram antes da fatídica votação.

A atitude de Dilma Rousseff de condicionar um fato ao outro mostra que o próximo governo do PT continuará privilegiando o fisiologismo e não abrirá mão do rolo compressor, sempre estacionado no Congresso Nacional para, quando necessário, atropelar a democracia. Com essa sinalização, Dilma deixa claro que a equipe econômica que assume em janeiro de 2015 terá sérias dificuldades para tirar o País da crise, uma vez que os partidos da base aliada exigirão contrapartidas cada vez maiores de um governo incompetente, paralisado e corrupto.

É importante que os brasileiros reajam ao que Dilma resolveu chamar de “governo de coalizão”, forma encontrada para camuflar travestir o proxenetismo político que toma conta do Parlamento, ao mesmo tempo em que serve para dar nova roupagem à corrupção que varre a nação com a anuência expressa da presidente. Ou a sociedade coloca o pé na porta, ou entrega o Brasil aos quadrilheiros com mandato.

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