Piada pronta – Logo após a eclosão do Mensalão do PT, o então presidente Luiz Inácio da Silva ocupou os meios de comunicação para pedir desculpas aos brasileiros pelos crimes cometidos pelos companheiros de legenda. Lula sempre soube do esquema criminoso de cooptação de parlamentares, mas preferiu passar à opinião pública a ideia de que fora traído. O que era e continua sendo uma sonora inverdade.
Na sequência, para dar contorno de veracidade à farsa, o então ministro Tarso Genro (Educação), atual governador do Rio Grande do Sul, assumiu a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, na esteira da promessa de refundação da legenda, como se esse discurso tivesse convencido a opinião pública, à época indignada com os escândalos de corrupção envolvendo a “companheirada”. O discurso mentiroso e molambento de Tarso Genro serviu apenas para embalar o plano do Palácio do Planalto que buscava tirar Lula do foco de eventual processo de impeachment.
Por questões óbvias e já sabidas, a promessa de Tarso Genro de refundar o partido não prosperou, como comprovado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desmontou um intrincado esquema de corrupção que funcionava em algumas diretorias da Petrobras, com a anuência explícita do governo do PT e que beneficiou de forma criminosa a legenda.
Coletor-geral do Petrolão
Acusado de ser o interlocutor do PT junto à quadrilha que atuava na estatal, João Vaccari Neto, como esperado, negou as acusações, alegando que todas as doações ao partido seguiram o que determina a legislação. Acontece que Vaccari, ex-presidente da polêmica e enrolada Bancoop, está afundando cada vez mais no escândalo do Petrolão. Tanto é assim, que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal alçaram à mira da Lava-Jato a cunhada do tesoureiro do partido, Marice Correa de Lima, apontada como uma espécie de “mula” petista do Petrolão. Afinal, era na casa de Marice, no centro da capital paulista, que o doleiro Alberto Youssef mandava entregar o dinheiro sujo que cabia ao partido.
No último final de semana, em Fortaleza, o PT reunião a cúpula partidária e, entre tantas decisões, definiu que serão expulsos do partido aqueles que se envolverem de forma comprovada em casos de corrupção. A direção petista só não informou se a regra tem o dispositivo da retroatividade ou se só vale de agora em diante.
Esse detalhe é importante, pois é preciso saber se os mensaleiros condenados à prisão, incensados como heróis, serão expulsos da legenda. É o caso de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, João Paulo Cunha et caterva. Por ocasião do encontro partidário na capital cearense, João Vaccari Neto, ao dizer que é inocente, foi efusivamente aplaudido pelos presentes.
Inveja a Al Capone
No contraponto, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que processará o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila disse que perdeu a recente eleição presidencial para uma organização criminosa, não para um partido político. Falcão pode não concordar com a declaração do senador tucano, mas sua fala traduz o pensamento de pelo menos metade da população brasileira, que há muito percebeu que a especialidade do PT é o banditismo político.
Impulsionado por alguns obedientes jornalistas de plantão, o presidente nacional do PT tem o direito de discordar da fala de Aécio Neves, mas não pode negar que o partido não foi refundado, como prometeu Tarso Genro, e acabou se transformando em um aglomerado de delinquentes que usam o mandato eletivo e a proximidade com o poder para cometer crimes à sombra da sensação de impunidade.
Esse quadro é interpretado pela lei como quadrilha ou bando, em outras palavras, organização criminosa. O UCHO.INFO abre um exceção honrosa ao PT e prefere usar o termo “organização mafiosa”, até porque há muito a ser revelado no âmbito das estripulias da “companheirada”.
Telhado de vidro
Para rebater a declaração de Aécio Neves ao jornalista, o PT escalou o líder do partido no Senado, Humberto Costa, acusado de envolvimento no Petrolão. Ou seja, a cúpula petista poderia ter escolhido outro político para fazer a defesa do partido. Da tribuna do Senado, Humberto Costa abusou da verborragia e, em tom exaltado, chamou o senador tucano de “quixotesco perdedor” e disse que “passou a hora de assumir a derrota”.
Ao que parece, Humberto Costa não acompanhou a entrevista concedida ao jornalista Roberto D’Ávila ou acionou o botão da audição seletiva. Aécio disse que perdeu a eleição presidencial, mas para uma organização criminosa. O que não é uma mentira, pois o partido que autoriza o funcionamento de um esquema criminoso como o Petrolão só pode ser classificado como organização criminosa. Disse Aécio Neves ao referir-se ao PT: “organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinadas por esse grupo político que aí está”.
O obediente senador Humberto Costa, que frequentou o escândalo de corrupção conhecido como “Máfia dos Sanguessugas”, foi além nas defsa do partido e nas críticas a Aécio: “É um caso inusitado em que a derrota subiu à cabeça, em que o fracasso subiu à cabeça”, disse Humberto Costa. “É uma infame ópera-bufa, essa que está sendo protagonizada pelo que eu chamo de ‘candidato derrotado em exercício’, em que sobejam atuações de péssimo gosto e para as quais há cada vez menos holofotes”.
Humberto Costa é tão medíocre enquanto estafeta de luxo do partido e do Palácio do Planalto, que os discursos de encomenda que vocifera chegam a provocar náuseas, tamanha é a genuflexão que dedica aos donos do poder. Costa deveria deixar de lado essa bizarrice que é a defesa que faz do partido e do governo, dedicando esse tempo à produção de provas que eventualmente o inocentem no escândalo do Petrolão, uma vez que foi acusado de ter recebido R$ 1 milhão do carrossel de corrupção que durante anos funcionou na Petrobras.