Escândalo do cartel de trens leva o tucano Geraldo Alckmin a admitir mudança na direção da CPTM

geraldo_alckmin_16Marcha lenta – Governador do mais importante estado da federação e integrante do principal partido de oposição ao governo criminoso do PT, Geraldo Alckmin faz jus à folclórica fama dos tucanos: ficar em cima do muro.

Após defender o presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPMTM), Mário Bandeira, indiciado pela Polícia Federal por envolvimento no cartel de trens de São Paulo, Alckmin admitiu, finalmente e pela primeira vez, trocar o comando da empresa. A PF também indiciou o diretor de Operações da CPTM, José Luiz Lavorente.

“[A substituição] é provável”, disse nesta terça-feira (9) o governador paulista, durante evento de entrega da reforma do monumento em homenagem aos soldados da Revolução Constitucionalista de 32, no Parque do Ibirapuera, Zona Sul paulistana.

No último sábado (6), Alckmin defendeu o presidente da CPTM, como se o afastamento do cargo não fosse a melhor solução para a empresa e o próprio indiciado. “O doutor Mário Bandeira tem 41 anos de serviço público, é uma pessoa extremamente respeitada”, disse o governador.

Bandeira e Lavorente são investigados por crime licitatório porque autorizaram, em 2005, aditamento a um contrato com o consórcio Cofesbra, formado pelas empresas Alstom, CAF e Bombardier, firmado mais de uma década antes para compra de 12 trens ao preço de R$ 223,5 milhões.

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De acordo com Geraldo Alckmin, a substituição da direção da CPTM deve ocorrer após as definições sobre a reforma do secretariado, prevista para a segunda quinzena de dezembro. “Estamos estudando primeiro as secretarias. Depois vamos ver as empresas”, disse.

Escorregadio quando o assunto é corrupção, Alckmin atribuiu a troca na presidência da CPTM à renovação da equipe para o próximo governo, que estreia em 1º de janeiro.

Ao governador Alckmin falta exatamente o que Itamar Franco tinha de sobra: coragem. Então presidente da República, Itamar afastou Henrique Hargreaves do comando da Casa Civil porque denúncias de corrupção envolvendo seu amigo de longa data não poderiam comprometer o governo, assim como não poderiam manchar o currículo do acusado.

Além disso, Itamar Franco deu carta branca à Polícia Federal para avançar nas investigações, não importando sua longeva amizade com Hargreaves. Encerrados os trabalhos da PF, que não encontrou qualquer indício de envolvimento do chefe da Casa Civil em casos de corrupção, Henrique Hargreaves retornou ao cargo mais forte do que antes.

Por ocasião do escândalo do cartel metroferroviário, Alckmin criou uma comissão externa e independente para apurar as denúncias de corrupção, mas até agora nenhuma informação da investigação foi tornada pública. O governador paulista agiu de forma idêntica quando Robson Marinho, conselheiro do tribunal de Contas do Estado de São Paulo, foi acusado de participação no caso do cartel de trens.

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