Guilhotina acionada – Por 359 votos a favor, um contra (do petista José Airton) e seis abstenções, o plenário da Câmara dos Deputados cassou nesta quarta-feira (10) o mandato do ex-petista André Vargas Ilário (sem partido-PR) por quebra de decoro parlamentar.
Vargas foi acusado de envolvimento com Alberto Youssef e de trabalhar em favor do doleiro preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, em março passado. O relator do processo de cassação, deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), foi incisivo ao afirma que André Vargas representava interesses do doleiro e, portanto, quebrou o decoro parlamentar. Em seu discurso, Delgado pediu aos parlamentares presentes à sessão que resgatassem a imagem da Câmara diante da opinião pública.
Todos os partidos políticos, começando pelos da chamada base aliada, inclusive o PT, orientaram suas bancadas a votar pela perda de mandato. A primeira sessão de votação foi marcada por rumoroso tumulto em plenário, após ser encerrada com pouco mais de duas horas de debate. Os deputados oposicionistas classificaram a repentina falta de quórum como manobra para Vargas ganhar tempo e escapar da cassação. Afinal, se o processo não fosse votado antes do recesso parlamentar, André Vargas não poderia ser julgado após o fim da atual legislatura.
Presidente da Câmara, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) sofreu forte pressão e foi impelido a reabrir a sessão com a mesma pauta. A representação que deu origem ao pedido de cassação tomou como base a denúncia de que André Vargas utilizou um jatinho pago pelo doleiro para uma viagem de férias ao Nordeste com a família. Fora isso, o ex-petista foi acusado de trabalhar em favor do Labogen, laboratório-lavanderia de Youssef, para fraudar o Ministério da Saúde. Há quem garanta que Vargas é sócio oculto do doleiro no empreendimento.
Afastado dos trabalhos legislativos por ordem médica, André Vargas não compareceu em plenário, na manhã desta quarta-feira, para fazer sua defesa. O deputado Eurico Júnior (PV-RJ) fez a leitura da defesa apresentada pelos advogados de Vargas no Conselho de Ética.
Considerado durante os últimos anos como o homem forte do PT no Paraná, Vargas dificilmente cairá sozinho, a não ser que tenha sido recompensado pelo partido para manter-se calado. A expectativa é que, mesmo por intermédio de terceiros, André Vargas comece a contar o que sabe sobre os bastidores do poder, o que pode arrastar para o olho do furacão alguns políticos conhecidos, como a senadora Gleisi Hoffmann, que confiou ao ex-companheiro de legenda a coordenação da recente e fracassada campanha rumo ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense.