Vergonha nacional – Enquanto a presidente Dilma Rousseff afirmava que o seu governo permitiu que a Polícia Federal investigasse o esquema de corrupção que funcionava na Petrobrás, a tropa de choque palaciana atuava no Congresso Nacional para evitar que a verdade viesse à tona no vácuo da CPMI instalada para investigar as falcatruas cometidas na estatal. A materialização dessa operação abafa surgiu com o relatório apresentado pelo deputado federal Marco Maia (PT-RS) à CPMI da Petrobras, no qual o petista não pediu o indiciamento de uma pessoa sequer, mas limitou-se a recomendar o aprofundamento das investigações.
Que a Petrobras foi tomada de assalto por uma quadrilha, com o explícito consentimento do governo (leia-se Lula e Dilma), todos sabem, mas é preciso cobrar dos parlamentares da CPMI uma postura mais digna e justa, pois é inaceitável que a Petrobras tenha sido transformada em uma cornucópia para saciar a volúpia financeira de partidos que dão sustentação a um governo incompetente, paralisado e corrupto.
Marco Maia não foi escolhido por acaso como relator da CPMI da Petrobras, pois sempre foi obediente às ordens emanadas do Palácio do Planalto. Arrogante e totalitarista convicto, Maia sabe que o relatório é uma enorme e vergonhosa lambança, mas aposta nas festas de final de ano e no recesso parlamentar para que o assunto perca força e espaço na mídia. Acontece que Marco Maia terá de lidar com a frustração, pois como vem afirmando o UCHO.INFO nos últimos meses, a Operação Lava-Jato está apenas no começo, informação confirmada nesta quinta-feira (11) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Um dia após o pífio relatório de Marco Maia, os procuradores que integram a força-tarefa da Lava-Jato anunciaram, em Curitiba, o oferecimento de denúncia contra 35 pessoas envolvidas no escândalo de corrupção que ficou conhecido como Petrolão. Entre os denunciados estão 22 pessoas ligadas às empreiteiras (executivos e acionistas) que operavam o carrossel de corrupção na Petrobras.
Causa espécie o fato de o petista gaúcho Marco Maia não ter encontrado motivos e provas para pedir o indiciamento de pessoas envolvidas no esquema, enquanto que o Ministério Público Federal denunciou 35 pessoas por envolvimento no Petrolão. Sem contar os políticos que tiveram os nomes revelados pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
A atitude de Maia torna-se ainda mais vexatória e repugnante por conta da movimentação de escritórios de advocacia dos Estados Unidos que ingressaram com ações na Justiça do país contra a Petrobras. Nesta quinta-feira, o escritório norte-americano de advocacia Glancy Binkow & Goldberg ingressou com ação coletiva contra a Petrobras, alegando eventuais violações de leis federais do mercado de capitais. O “Glancy Binkow & Goldberg” é o sexto escritório de advocacia a abrir ação do tipo contra a estatal brasileira.
“A ação é focada em certos comunicados emitidos pela Petrobras entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro de 2014, em relação às operações e a performance financeira da companhia”, informou o escritório em nota.
Além do Glancy Binkow & Goldberg, ingressaram contra a Petrobras na Justiça norte-americana os escritórios Wolf Popper, Rosen Law Firm, Pomerantz Law Firm, Brower Piven e Khan Swick & Foti (KSF).
Ouvidos pelo editor do UCHO.INFO, brasileiros que moram em Nova York e trabalham no mercado financeiro disseram que a ação proposta pelo Wolf Popper causará enorme estrago na Petrobras, cujos diretores poderão ser enquadrados na rígida lei “Foreign Corrupt Practice Act”, que pune com pena de prisão os cidadãos os envolvidos em atos de corrupção. A lei vale para os diretores das empresas que comercializam ações nas Bolsas dos Estados Unidos e se envolvem em escândalos de corrupção.