Petrolão: líder do PPS anuncia que pedirá indiciamento de envolvidos com “propina delivery”

corrupcao_03Chama o ladrão – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) anunciou que vai incluirá no relatório paralelo que a oposição apresentará na próxima semana na CPMI da Petrobras, assim como no seu voto em separado, pedidos de indiciamento de Rafael Ângulo Lopez, que entregava propina em domicílio aos “clientes especiais” que recebiam o dinheiro desviado da petroleira, como o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, além de deputados e do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL).

Informação de que a PF descobriu o esquema de “propina delivery” consta de matéria publicada na mais recente edição da revista Veja. De acordo com a reportagem, para alguns beneficiários do esquema de corrupção que funcionava na Petrobras o dinheiro era levado por Ângulo em aviões comerciais, na maioria das vezes amarrado ao corpo e entregue em endereços da preferência dos “clientes”.

“Parece que a desfaçatez não tinha mesmo limites”, reagiu o líder. “Dados dessa envergadura não podem ficar de fora do relatório da CPMI; é nossa obrigação para com a sociedade brasileira pedir o indiciamento dessas pessoas que debocharam da lei, roubando e recebendo a propina delivery”.

Vaccari Neto, que já foi presidente da polêmica Bancoop, recebeu R$ 500 mil na sede do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo. O dinheiro ilegal foi levado por Ângulo Lopez em duas visitas: uma com R$ 200 mil e outra com R$ 300 mil. Em ambos os casos, as notas foram acomodadas em malas e levadas em carro blindado. A determinação para a entrega foi de Alberto Youssef, destaca a matéria. Para tal tarefa, Ângulo contou com a ajuda de um executivo da Toshiba Infraestrutura, que no mesmo ano pagou propina de R$ 1,5 milhão ao esquema de desvio na Petrobras.

Roseana Sarney, que renunciou ao cargo para não passar a faixa para o desafeto e governador eleito Flávio Dino (PCdoB), aparece nas apurações desde a deflagração da Operação Lava-Jato, em março passado. No caso de Roseana, a propina (R$ 900 mil) foi entregue no Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão, ao então chefe da Casa Civil, João de Abreu.

Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, Mário Negromonte era agraciado, enquanto ministro das Cidades, com R$ 150 mil a cada 15 dias, dinheiro também levado por Ângulo. Negromonte podia escolher o endereço que quisesse para a entrega – Ângulo chegou a fazê-la no apartamento funcional quando ele voltou a ser deputado. O irmão do ex-ministro, Adarico Negromonte Filho, chegou a ser preso na Lava-Jato por transportar dinheiro ilegal do esquema de corrupção na Petrobras.

O deputado cassado André Vargas (ex-PT-PR) é outro político que aguardava as visitas regulares de Rafael de Ângulo Lopez. Normalmente, Vargas recebia a mesada de R$ 150 mil no seu apartamento funcional, na quadra 302 Norte, em Brasília.

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Foro privilegiado

Alguns dos envolvidos têm foro privilegiado por serem parlamentares. Se indiciados, serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal. É o caso do senador Fernando Collor (PTB-AL), que recebeu R$ 50 mil com um gesto inusitado. Mesmo depois de ser avisado pelos portadores que se tratava de encomenda enviada pelo doleiro Alberto Youssef, ele fingiu surpresa: “Que encomenda?”, como se não soubesse de nada. “O senhor sabe o que é isso”, respondeu Rafael Ângulo. Segundo Veja, no escritório de Youssef ninguém entendeu o porquê da performance do senador.

O deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA), que deve escapar da cassação por causa do recesso parlamentar, tinha ligações estreitas com o doleiro, cujo escritório visitava semanalmente. Escolhia esconderijos para receber sua parte, um deles foi o aeroporto de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Segundo a revista, foram repassados a ele de uma só vez, por Ângulo, R$ 600 mil, quantia que o parlamentar transportou em um avião usado somente para essa finalidade para a Bahia, segundo Veja. Outros valores foram entregues em seu apartamento funcional em Brasília.

O deputado federal Nelson Meurer (PP-PR), um trapalhão conhecido no universo da malandragem política, também usou os serviços de Rafael Ângulo. Meurer marcava pontos de entrega de uma mesada de R$ 200 mil em vários locais de Curitiba e gostava de receber o suborno dentro do carro no estacionamento do Aeroporto Internacional Afonso Pena.

Deputado tentou intimidar o editor

Nelson Meurer não foi flagrado na Operação Lava-Jato por acaso. Político ligado ao finado deputado federal José Janene (PP), Meurer sempre frequentava os regabofes oferecidos pelo abusado político que acabou conhecido como “Xeique do Mensalão”. Certa feita, Nelson Meurer tentou intimdiar o editor do UCHO.INFO apenas porque o site afirmou em matéria que o mesmo comparecera a uma “carneirada” oferecida por Janene em sua fazenda, em Londrina.

Meurer telefonou para o editor e exigiu a retirada da matéria ou a publicação de uma nova reportagem, da qual deveria constar que nossos informantes eram mentirosos. O editor sugeriu que a assessoria do parlamentar enviasse uma nota com a discordância em relação à reportagem, mas Meurer discordou. O UCHO.INFO não apenas manteve a matéria, porque ameaças não nos intimidam, como publicou documentos de uma investigação Polícia Federal que flagrou Nelson Meurer em escândalo da política paranaense.

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