Sigilo de parlamentares envolvidos na Lava-Jato engessará o Congresso no início de 2015, afirma Caiado

ronaldo_caiado_21Hora da verdade – Líder da Minoria no Congresso Nacional, o deputado federal e senador eleito Ronaldo Caiado (Democratas-GO) defendeu nesta sexta-feira (19) a divulgação dos nomes de todos os políticos flagrados na Operação Lava-Jato. Para Caiado, já há muitos congressistas apontados em delações premiadas e o sigilo da totalidade dos nomes tornará inviável o funcionamento do Congresso Nacional no início da nova legislatura, em 2015.

A transparência, na opinião de Caiado, serve para impedir o engessamento do Parlamento, permitir que os citados possam se defender das acusações e os culpados sejam punidos com mais agilidade. Na edição desta sexta, o jornal “O Estado de S. Paulo” divulgou uma lista com os nomes de 28 políticos, entre parlamentares, ex-ministros e ex-governadores mencionados pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como beneficiários do esquema de corrupção que funcionava na estatal.

“Não é questão de fazer pré-julgamento, mas não podemos ficar nessa situação constrangedora com várias listas ainda sob sigilo e comprometer o funcionamento do Congresso Nacional. Não é hora de ‘fulanizar’ ou saber se é a lista do Paulo Roberto ou do Renato Duque. Precisamos saber o mais rápido possível a totalidade dos políticos citados para que as providências sejam tomadas. Vamos ter no início do ano que vem a eleição das Mesas Diretoras da Câmara e Senado. Imagina se um membro eleito da mesa é envolvido nesse escândalo desgastando o Congresso e engessando seu funcionamento?”, ponderou o deputado.

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Caiado reforça que nunca houve situação semelhante no parlamento com denúncias de tantos deputados e senadores, por isso, mais um motivo para que sejam divulgados os nomes de todos os envolvidos. “Nunca vimos situação igual no Congresso. Já vimos denúncias envolvendo três, quatro nomes, mas não nesse volume. É indispensável a divulgação desses nomes. Esses parlamentares poderiam ter um gesto maior de abrir mão de seus mandatos para seus suplentes e, se as denúncias não se comprovarem, retornem ao Congresso. Imaginem como vamos lidar com tantos processos no Conselho de Ética? Precisamos também rever a forma como o parlamento delibera denúncias contra parlamentares. O procedimento hoje é ineficaz e lento”, destacou o parlamentar.

O parlamentar lembrou o caso de Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil do então presidente Itamar Franco, que foi acusado de irregularidades na elaboração do Orçamento da União. Hargreaves foi imediatamente afastado do cargo e, logo que sua inocência foi provada, retornou a Casa Civil ainda mais forte. O caso é constantemente lembrado pelo UCHO.INFO, pois Itamar Franco, mesmo sendo amigo de longa data de Hargreaves, não hesitou em afastá-lo do cargo de dar carta branca para que a Polícia Federal investigasse a fundo a partir das acusações contra o então chefe da Casa Civil.

Caiado acredita ainda que o sigilo dos envolvidos e a lentidão das providências no caso de denúncias pode comprometer a credibilidade de leis já votadas. “Será que serão respeitadas pela população brasileira leis votadas por parlamentares envolvidos? Devemos votar medidas importantes da área econômica na próxima legislatura. Uma situação dessa pode descredenciar essas medidas. Esses parlamentares vão perder a condição de deliberar na Casa”, afirmou.

Ronaldo Caiado também aponta uma grave crise moral no País que já compromete a governabilidade do Executivo, o que não pode se estender para o Congresso. “Há uma crise moral que atinge todo o governo Dilma, que tira sua credibilidade e governabilidade. A demora em tomarmos providências vai engessar totalmente o Congresso Nacional”, finalizou o parlamentar.

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