Piada de salão – Abusando do proselitismo durante seu discurso de posse no segundo mandato, a reeleita Dilma Rousseff deu ênfase ao termo “pátria educadora”, referência à disposição do governo de investir ainda mais na educação. Nos últimos anos, a reboque de declarações ufanistas, Dilma tentou transferir para os dividendos do pré-sal a responsabilidade do governo em relação aos investimentos em educação. É no mínimo irresponsabilidade acreditar que um governo de esquerda, com tendência totalitarista, deseja apostar na educação como senha para a evolução da sociedade. Basta conferir as ações do governo do PT e os últimos ministros que comandaram a pasta da Educação.
Contrariando qualquer expectativa positiva em relação ao setor, o Ministério da Educação anunciou nesta terça-feira (6) o novo piso nacional dos professores: R$ 1.917,78. O novo valor que deve ser pago aos que iniciam no magistério traz um aumento de 13,01%, mas ainda é pouco para uma nação cuja maioria fala mal e escreve pior.
Os integrantes do desgoverno petista de Dilma por certo acreditam que o novo piso salarial dos professores é uma enorme conquista, mas essa pirotecnia se desfaz quando entra em cena o salário mínimo vigente, que é de R$ 788. Isso significa que o piso nacional dos professores equivale a menos de 2,5 salários mínimos. Com o salário de professor frequentando a seara da degradação, é utopia querer que a sociedade evolua em termos de conhecimento.
O cenário torna-se mais preocupante quando analisada a capacidade financeira de estados e municípios para cumprir o piso nacional dos professores. Enquanto o governo federal não investir 10% do orçamento da União em educação, o Brasil continuará no marasmo do atraso, pois não se pode sonhar com avanços sem que a população esteja abastecida de conhecimento. No contraponto, voltando à questão de estados e municípios, quando um salário é pouco para quem recebe e muito para quem paga é porque há algo errado na política econômica do País, algo que Dilma e sua turba insistem em negar.
Para que o leitor compreenda o descaso do governo em relação aos professores, em novembro de 2014 o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) informou que o salário mínimo ideal para aquele mês deveria ser de R$ 2.923,22. Ou seja, o piso nacional dos professores, anunciado pelo governo do PT, é menor do que o salário mínimo ideal para o penúltimo mês de 2014. Lembrando que o Dieese considera como salário ideal o ganho mensal que dá ao trabalhador a possibilidade de viver de formam minimamente digna.
Saindo do universo das estatísticas e passando à seara da realidade, na maior cidade brasileira, São Paulo, o aluguel de um quarto em um cortiço qualquer custa, em média, R$ 600 mensais. O valor mostra que se um professor morar em um local como esse terá pouco mais de R$ 1,2 mil para enfrentar o restante do mês, com a obrigação de estar sempre atualizado para o exercício da profissão.
A grande estratégia dos comunistas sempre foi vender aos incautos a ideia de que a esquerda é a solução, mas esquecem de dizer que a única solução no estoque é a socialização da miséria, ou, como queiram os leitores, nivelar por baixo a sociedade como um todo. No momento em que dois terços da população brasileira recebem pouco menos de dois salários mínimos por mês, de acordo com o IBGE, não se deve considerar um privilégio dos professores a fixação do piso nacional da categoria em R$ 1,9 mil.