Possível minrreforma ministerial mostra que Dilma é refém do Congresso e teme a Câmara

dilma_rousseff_472Pisando em ovos – Entre o discurso de posse e a escolha dos integrantes da equipe ministerial, a presidente reeleita Dilma Rousseff escorregou com pompa e circunstância. No Congresso Nacional, onde falou para convidados internacionais, companheiros de esquerda e parlamentares, depois de prometer o que jamais cumpriu e cumprirá, Dilma tentou passar a ideia de que o novo governo será diferente, um poço de virtuosismo. Bastou apenas uma semana, mesmo com a presidente descansando na base naval de Aratu, na Bahia, para descobrir que as outras 47 semanas restantes serão iguais ou piores.

Dilma afirmou em seu discurso que o governo criará um pacote anticorrupção, algo que se desfez no rastro da nomeação da equipe ministerial. Mais de 90% dos 39 ministérios foram entregues a políticos de partidos que reforçam a chamada base aliada, que faz do Congresso uma espécie de balcão de negócios, até porque defender os interesses da população e do País não é o objetivo desses alarifes com mandato. Ou seja, política é e sempre será negócio milionário e imundo.

Cinco dias após a estreia do novo desgoverno petista, a reeleita Dilma já acenou com a possibilidade de promover em breve uma pequena reforma ministerial. Essa dança de cadeiras aconteceria em dois ministérios, por enquanto, mas pode ser ampliada, dependendo da necessidade da presidente de reforçar a blindagem no Parlamento. A ideia inicial da presidente é alçar o ainda presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ao cargo de ministro do Turismo, que atualmente está desde o dia 1º de janeiro está sob o comando do também peemedebista Vinicius Lages, indicado ao posto pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Dilma aguarda apenas uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que prometeu para fevereiro a divulgação dos nomes dos políticos acusados de envolvimento no esquema de corrupção que foi desbaratado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Se a PGR não oferecer denúncia contra Henrique Alves, o peemedebista que perdeu a disputa pelo governo potiguar deverá assumir a pasta do Turismo antes do Carnaval.

O mesmo deve ocorrer no Ministério da Integração Nacional, que desde o início do segundo mandato de Dilma está sob a batuta de Gilberto Occhi, indicado pelo Partido Progressista, que no governo anterior comandava o Ministério das Cidades. Para o lugar de Occhi o PP deve indicar Aguinaldo Ribeiro, ex-ministro das Cidades.

Essas duas eventuais manobras mostram a preocupação da presidente da República em relação à Câmara dos Deputados, onde o governo enfrenta dificuldades nas negociações políticas. Enquanto as mudanças não acontecem, Dilma insiste em apoiar a criação de blocos partidários que lhe garantam votação folgada na Câmara. Isso significa que a presidente teme não apenas uma possível inviabilização do novo governo, mas um processo de impeachment por conta dos muitos escândalos que protagonizou e ainda não vieram à tona.

A se confirmar a anunciada minirreforma ministerial, Dilma rasgará a promessa de combater a corrupção, processo que ganhou contorno endêmico depois da chegada do PT ao poder central. É importante lembrar que Henrique Eduardo Alves e Aguinaldo Ribeiro tiveram os nomes citados nos depoimentos dos principais delatores da Operação Lava-Jato. Sem contar que o PMDB e o PP, ao lado do PT, estão atolados no maior escândalo de corrupção da história nacional.

Vale destacar que uma mudança na pasta do Turismo pode acender o pavio de uma intifada no Senado Federal, uma vez que o PMDB já estuda a possibilidade de deixar a base aliada e passar para a oposição. Na melhor das hipóteses, os peemedebistas do Senado adotariam uma posição de independência, que também é ruim para o Palácio do Planalto. Até porque, quem conhece Renan Calheiros não confia no presidente do Congresso Nacional.

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