Depois do pano quente de Alckmin, presidente da CPTM deixa o cargo no rastro de indiciamento da PF

geraldo_alckmin_16Arrumando gavetas – Atual presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Bandeira, afirmou na manhã desta quinta feira (8) que deixará o cargo que ocupa desde 2011. Bandeira teve o nome envolvido nas denúncias de formação de cartel do setor metroferroviário paulista e em dezembro passado foi indiciado criminalmente pela Polícia Federal por fraude em licitação da CPTM.

Meses antes,quando o escândalo voltou ao noticiário nacional, desta vez por obra dos partidos que fazem oposição ao Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin reuniu a imprensa para anunciar a criação de uma comissão externa e independente com o objetivo de apurar as denúncias de irregularidades. Desde então, a tal comissão, formada por nomes ilustres no universo da auditoria, não forneceu qualquer informação elucidativa sobre o caso. Até porque, Alckmin não criaria uma comissão que apontasse o indicador na direção das gestões tucanas.

Mário Bandeira, que nega a prática de irregularidades e envolvimento com as empresas investigadas, está no rol de 33 indiciados no inquérito que investigou o cartel que operou em São Paulo entre 1998 e 2008, ou seja, nas gestões tucanas de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

Além Bandeira, também foi indiciado o diretor de operações da companhia, José Luiz Lavorente. Ambos são os únicos servidores públicos na lista de indiciados, que conta com doleiros, empresários e executivos das multinacionais envolvidas no esquema criminoso criado para obter contratos no Metrô e na CPTM.

Em dezembro, o governador Geraldo Alckmin saiu em defesa de Bandeira e disse que era preciso analisar o caso com cuidado. Diferentemente do que fez o então presidente Itamar Franco, que afastou o chefe da Casa Civil da Presidência, Henrique Hargreaves, por conta de denúncias de corrupção, Alckmin decidiu manter no cargo o presidente da CPTM, que agora deixa o posto em situação ainda pior, não sem antes comprometer a credibilidade do governo do PSDB.

No caso de Hargreaves, o presidente Itamar Franco não apenas afastou o amigo de longa data, mas pediu à Polícia Federal que investigasse a fundo as denúncias de irregularidades. Constatada sua inocência, Henrique Hargreaves voltou ao comando da Casa Civil muito mais forte do que antes. E o governo de Itamar Franco escapou dos efeitos colaterais. Alckmin não chegou ao governo do mais rico e importante estado da federação porque é um inocente, mas algumas das suas atitudes mostram que ele ainda tem muito a aprender em termos políticos.

apoio_04