Morre no Paraná o ex-ministro Andrade Vieira, o “Zé do Chapéu”, antigo dono do Bamerindus

andrade_vieira_01Minuto de silêncio – Morreu neste domingo (1º), aos 76 anos, José Eduardo Andrade Vieira, ex-ministro da Agricultura no governo Fernando Henrique Cardoso e então presidente do antigo Bamerindus. Conhecido como “Zé do Chapéu”, Andrade Vieira era dono do Grupo Folha de Comunicação (jornal Folha de Londrina e portal “O Bonde”) e estava internado no Hospital Evangélico de Londrina para tratamento de pneumonia.

José Eduardo Andrade Vieira foi senador da República e comandou o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo durante o governo de Itamar Franco, tendo acumulado, entre 1991 e 1993, o cargo de ministro da Agricultura. Em 1995, no primeiro governo de FHC, Vieira voltou ao comando da pasta da Agricultura, onde permaneceu até 1996.

Em uma das poucas entrevistas que concedeu para falar sobre a perda do Bamerindus, Andrade Vieira recebeu em Londrina, na sede do grupo de comunicação, o editor do UCHO.INFO. Durante conversa que durou quase duas horas, o ex-ministro não escondeu sua mágoa em relação ao governo de FHC por causa da forma como o Bamerindus foi vendido ao HSBC. Ele deu detalhes sobre a operação, mostrando “pari passu” como aconteceu a implosão de uma das mais importantes instituições financeiras da época, vendida “a preço de banana”, e os efeitos colaterais nas empresas do grupo. Vieira havia inaugurado recentemente a mais moderna fábrica de celulosa do planeta, que acabou sofrendo as consequências da venda do Bamerindus.

Trajando calça jeans, camisa branca, borzeguim reluzente e seu inseparável chapéu, José Eduardo recebeu o editor no alto de uma escada íngreme, estreita e pouco iluminada que levava a seu escritório. Ao longo da conversa, o ex-ministro dissecou os bastidores da campanha de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República e sua participação como arrecadador de recursos. Vieira afirmou que conseguiu na ocasião todo o papel que seria utilizado na campanha do candidato tucana, mas disse desconhecer o destino dado ao material excedente, que segundo ele valia alguns milhões de reais.

Andrade Vieira também esmiuçou a primeira viagem internacional de FHC depois da eleição – e antes da posse, assim como os assuntos nevrálgicos que marcaram os bastidores do governo tucano. Nesse relato rico em minúcias, o ex-banqueiro não economizou palavras, revelando filigranas que, em países sérios, levariam qualquer político a ser ejetado da vida pública.

Polêmico em suas declarações e singular ao cultivar o estereótipo do “caipira bem sucedido”, como de fato foi, José Eduardo Andrade Vieira foi um empresário de visão e um político sem meias palavras.

apoio_04