Papo furado – Na mensagem que enviou ao Congresso Nacional na segunda-feira (2), a presidente reeleita Dilma Rousseff afirmou que as medidas do governo para tentar reordenar a economia brasileira não produzirão recessão no País. A petista tem razão, pois a recessão, mesmo que não reconhecida oficialmente, já está presente em todos os quadrantes da nação.
Quando foi apresentada ao eleitorado em 2010, pelo então presidente Luiz Inácio da Silva, o agora lobista Lula, a petista Dilma surgiu em cena a reboque do título de “gerentona” e do embuste discursivo de que era a garantia da continuidade. Ao longo dos últimos quatro anos, Dilma tratou de arruinar a economia nacional, ao mesmo tempo em que varria para debaixo da alcatifa palaciana os muitos escândalos de corrupção que carregam a marca estelar do PT.
A presidente tem o direito constitucional, assim qualquer cidadão, de externar o próprio pensamento, mesmo que obtuso e equivocado seja, mas não pode querer que os brasileiros acreditem em palavras mentirosas, que servem apenas para tentar esconder a realidade por mais algum tempo.
Ao longo da recente corrida presidencial, Dilma vendeu à parcela da população a falsa ideia de que o Brasil é a versão tropical e repaginada do “País de Alice”, aquele das maravilhas, mas os números da economia mostram o contrário, ou seja, um reduto luciferiano que só faz crescer.
Durante a campanha, Dilma Vana Rousseff garantiu que a tarifa de energia elétrica não aumentaria, mas uma decisão da equipe econômica do governo fará com que a conta de luz aumente em até 50%, dependendo da região do País. Isso porque o Tesouro Nacional não mais fará aportes financeiros na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que passou a ser abastecida com o suado dinheiro do contribuinte depois que Dilma resolveu antecipar a renovação dos contratos de concessão das geradoras de energia. Flanou durante alguns meses no céu da aprovação popular, mas agora quer o cidadão brasileiro ardendo no mármore do inferno.
Em relação à indústria nacional, a produção do setor registrou queda de 2,8% em dezembro, na comparação como mês anterior, encerrando o ano de 2014 com recuo de 3,2%. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Os resultados de dezembro expressam bem o que foi o ano de 2014 para o setor industrial. Há predominância de resultados negativos. Na margem da série – passagem de novembro para dezembro – há queda de 2,8 no total da indústria. Lembrando que é o segundo resultado negativo consecutivo. E esse resultado é o negativo mais intenso desde julho de 2013, havia recuado 3,6%”, analisou o gerente da Coordenação da Indústria do órgão, André Luiz Macedo.
O resultado da produção industrial em dezembro é fruto do péssimo desempenho em todos os setores pesquisados pelo IBGE. De novembro para dezembro, caíram as produções de veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,8%), máquinas e equipamentos (-8,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%). Também recuaram as produções de têxteis (-12,0%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,6%).
Em janeiro, o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, anunciou um “pacote de maldades”, cujo objetivo é dar ao governo uma arrecadação extra de R$ 20 bilhões neste ano. Levy ressuscitou a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide), que incide sobre os combustíveis, encareceu o crédito ao consumidor com a elevação do IPF (Imposto sobre Operações Financeiras), mudanças nas regras dos benefícios trabalhistas e aumento de imposto para determinados produtos.
O mercado financeiro, que já não previa céu de brigadeiro para a economia verde-loura em 2015, revisou para baixo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que agora está em 0,03%, contra 0,13% da previsão anterior. Na seara da inflação oficial, a aposta é que o mais temido fantasma da economia termine o ano na casa de 7,01%, contra 6,99% da previsão da semana anterior. De qualquer forma, a inflação medida pelo IPCA ficará acima do teto (6,5%) do plano de metas estabelecido pelo governo, de acordo com os economistas consultados pelo Banco Central.
Para piorar o que já era ruim, as contas do primeiro desgoverno de Dilma Rousseff fecharam o ano de 2014 com um déficit primário de R$ 17,242 bilhões. O resultado do chamado Governo Central, que congrega as contas do Tesouro Nacional, INSS e Banco Central, registraram o pior desempenho da série histórica iniciada em 1997. Foi o primeiro déficit da série, equivalente a 0,34% do PIB.