Efeito dominó – Muito tem se falado nos últimos dias que o governo da presidente reeleita Dilma Rousseff está prestes a cair, mas por enquanto isso não deve acontecer, principalmente pela ausência de um fato determinado que respalde eventual pedido de impeachment. Juristas já consideram a possibilidade de impedimento da presidente no rastro do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, mas ainda é cedo para cravar apostas. Foras isso, um processo dessa natureza demandaria tempo e turbinaria a crise econômica, que não é pequena.
O UCHO.INFO não está a firmar que o governo do PT tem respaldo institucional para seguir adiante, mas é preciso responsabilidade, pois do contrário os petistas ressuscitarão a cantilena da direita golpista. O que não interessa ao País e Às próximas gerações.
Sabem os leitores que este site faz jornalismo investigativo e opinativo com responsabilidade, portanto afirmamos que o governo de Dilma Rousseff cairá pro ele próprio não por causa de qualquer ação externa. A baixíssima credibilidade do governo vem colocando a petista reeleita em situação vexatória, o que compromete a imagem do Brasil como um todo, interna e externamente.
O maior exemplo da crise institucional que chacoalha o Palácio do Planalto está na relação do governo com o Congresso Nacional, mais precisamente com a Câmara dos Deputados. Por ordem expressa de Dilma, os palacianos jogaram sujo e pesado contra a candidatura do novo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conhecido por ser um desafeto do governo e que já deixou claro que não se submeterá às ordens da chefe do Executivo federal.
Vencida a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, Cunha reuniu-se com o vice-presidente Michel Temer, a quem disse que seu desejo não é comprometer a governabilidade, mas colaborar. Muitos entenderam a declaração de Eduardo Cunha como um recuo em sua postura combativa, mas o recado seguinte deu o tom dos próximos dois anos na Câmara.
Durante a campanha, Cunha disse que não reconheceria em Henrique Fontana a liderança do governo do PT, o que levou a presidente Dilma a escolher um novo representante, decisão que confirmou a fragilidade da gestão petista. A presidente convidou o deputado federal José Nobre Guimarães (PT-CE) para substituir Fontana. Guimarães é irmão do mensaleiro condenado José Genoino e esteve envolvido no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Dólares na Cueca”. Não se trata de colocar em xeque a idoneidade de José Nobre, mas em momento de crise é preciso que prevaleça a teoria da mulher de César, que não basta apenas ser honesta, mas parecer como tal.
Avançando na questão das relações do governo com a Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha já deixou claro que não discutirá matérias do interesse do Palácio do Planalto com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais). Cunha já sinalizou que só conversará sobre esses temas com a própria presidente da República. Ou seja, a pífia equipe ministerial de Dilma começa a apresentar fadiga material.
Para piorar ainda mais a situação do governo, o PT ficou sem representante na Mesa Diretora da Câmara, pois apostou todas as fichas na candidatura de Arlindo Chinaglia, protagonista de uma vergonhosa derrota que deixou os palacianos de cabelo em pé. O cenário torna-se ainda mais preocupante para o governo quando considerado o fato de que Dilma, ao escolher os novos ministros, alijou o PT e engessou o PMDB. Tanto é assim, que o PMDB já dá o troco, ao passo que alguns “companheiros” não pensam duas vezes antes de criticar o governo de Dilma Rousseff. É o caso da senadora Marta Suplicy e do ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, que já foi líder do governo na Câmara. Ambos não têm poupado o governo de críticas ácidas e recorrentes.
Reforçando a crise que se instalou na sede do governo, Dilma Rousseff enrola-se cada vez mais nos desdobramentos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desbaratou o bilionário esquema de corrupção que funcionava na Petrobras. A demissão atrasa de Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, e de toda a diretoria da estatal colocou Dilma em situação de extrema dificuldade. Sem contar que a Lava-Jato já subiu a rampa do Palácio do Planalto, colocando a presidente da República e seu antecessor, o lobista Lula, na alça de mira.