Tiro no pé – Apesar da redundância, necessária em determinadas ocasiões, “senso de noção” é algo que não faz parte do cotidiano de Gleisi Helena Hoffmann, a senadora petista que já foi alcançada pelo redemoinho do Petrolão. Fora isso, a petista paranaense começa a invadir a seara do ridículo. Quando chefiou a Casa Civil, a convite de Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014, Gleisi nomeou o pedófilo Eduardo Gaievski para comandar as políticas do governo federal destinadas a crianças e adolescentes. O caso transformou-se em um rumoroso escândalo, que o Palácio do Planalto decidiu abafar, pois Gleisi e Dilma se recusaram a falar sobre o tema.
De volta ao Senado, Gleisi está com o mandato parlamentar por um fio por causa de seu envolvimento no Petrolão, o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, com prejuízo à estatal petrolífera estimado em R$ 88 bilhões. Essa situação não impede que a senadora se disponha a atacar a oposição que aponta o envolvimento (por ação ou omissão) de Dilma no imbróglio criminoso que derreteu os cofres da Petrobras.
No confuso pensamento de Gleisi, a oposição ao PT, que aponta a evidente responsabilidade de Dilma Rousseff no escândalo estaria conspirando para “derrubar o resultado das eleições do ano passado que reelegeu a presidenta”. Gleisi enxerga uma conspiração nebulosa para pedir o impeachment de Dilma quando, na verdade, a hipótese do impedimento surge naturalmente no rastro das evidências de culpa do governo no esquema de corrupção que ainda chacoalha a Petrobras.
Gleisi Hoffmann, por gratidão à presidente da República, pode fermentar suas conjecturas à vontade, mas, antes de qualquer incursão atabalhoada, deveria consultar a recente história política do País. Dilma comandou a Petrobras desde o primeiro governo do “companheiro” Lula, uma vez que foi ministra de Minas e Energia. Como se fosse pouco, Dilma assumiu o comando da Casa Civil, cargo que lhe deu maior poder de ingerência na estatal. Fora isso, a petista, que conseguiu levar a economia brasileira à débâcle, foi presidente Conselho de Administração da estatal.
Ao atacar a oposição pelo fato de esta cobrar responsabilidades no caso de corrupção desenfreada na Petrobras, Gleisi está agindo também em causa própria. A senadora foi acusada pelos principais e primeiros delatores do Petrolão, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, de ter levado R$ 1 milhão do esquema criminoso. Na verdade, o envolvimento de Gleisi com empresas acusadas de participarem do esquema pode ser muito maior.