“Folha” age de forma irresponsável ao acusar, por eliminação, deputado de envolvimento no Petrolão

petrobras_18Pela culatra – Reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” sobre a Operação Lava-Jato, publicada na quinta-feira (12), é no mínimo irresponsável, pois faz uma acusação séria e sem qualquer prova. Na reportagem, a “Folha” afirma que o doleiro Alberto Youssef, em depoimento às autoridades que integram a força-tarefa que investiga o Petrolão, teria afirmado que “um deputado federal do PP chamado ‘Luis Fernando’ influenciou a contratação de uma empresa pela Petrobras e que ele recebia propina da empresa”.

Na reportagem, os jornalistas da “Folha” afirmam que “o documento [da Justiça Federal] não cita o sobrenome do parlamentar”. Em busca realizada no site da Câmara dos Deputados, a “Folha” detectou que o único parlamentar filiado ao PP e com esse nome é Luiz Fernando Faria (MG), reeleito em 2014. A empresa acusada de ter sido contratada pela Petrobras é a Fidens, também de Minas Gerais.

Acusar sem provas é temerário, podendo os acusadores responder por crimes previstos em lei, como calúnia, injúria e difamação, entre outros. A situação se agrava sobremaneira quando a acusação se dá por eliminação, que no caso em questão mostra o viés irresponsável da matéria jornalística.

O UCHO.INFO não está a defender o deputado federal Luiz Fernando Faria por conta de eventual envolvimento no escândalo conhecido como Petrolão, mas é inaceitável que uma acusação grave ocorra dessa forma.

Caso fique comprovado o envolvimento de Faria no escândalo que sangrou a petroleira nacional, este site não se furtará da obrigação de, em matérias, criticar duramente o parlamentar mineiro. Por enquanto, Faria é inocente e a acusação se deu à sombra da leviandade.

Pés pelas mãos

Luiz Fernando Faria não é um nome inusitado, podendo ter dezenas de milhares de homônimos em todo o País. De tal modo, a matéria da “Folha” carece de credibilidade, pois não se pode fazer uma acusação dessa natureza com base no “achismo”. Jornalismo investigativo faz-se no rastro da responsabilidade, pois co contrário corre-se o risco de causar danos à imagem de pessoas cuja culpa ainda não foi comprovada.

É importante destacar que todo acusado goza do direito constitucional da presunção da inocência, pois a culpa se consuma no âmbito de sentença condenatória com trânsito em julgado. Não se trata de proteger esse ou aquele envolvido, mas de cobrar responsabilidade no exercício do jornalismo.

Há anos, ainda no governo de Fernando Collor de Mello, uma acusação leviana acabou com a vida pessoal e familiar do paranaense Alceni Guerra, então ministro da Saúde. Guerra foi acusado de beneficiar uma empresa do Paraná em licitação do Ministério, o que de fato não ocorreu. O ministro deixou o cargo debaixo de uma operação rasteira e covarde, enfrentando nos anos seguintes as agruras de uma acusação irresponsável.

O mesmo aconteceu com o então presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), acusado em reportagem de ter em sua conta bancária US$ 1 milhão, quando na verdade o saldo correspondia à época a pouco mais de R$ 1 mil. A acusação leviana ocorreu na esteira do escândalo que ficou conhecido como “Anões do Orçamento”, mas só foi desfeita anos mais tarde, com o jornalista responsável pela matéria admitindo que atropelou a ética ao fazer tal afirmação.

Denúncia inicial

Como mencionado anteriormente, o UCHO.INFO não tem procuração para defender Luiz Fernando Faria, mas insiste em cobrar responsabilidade extrema em qualquer matéria que contenha acusações, graves ou não. A Operação Lava-Jato, como sempre destacamos, está em seus primeiros capítulos, portanto novos escândalos devem surgir com o avanço das investigações.

Responsável por denunciar, juntamente com o empresário Hermes Magnus, o esquema de corrupção que culminou com a Operação Lava-Jato, o editor do site permaneceu em silêncio durante cinco anos (2009 a 2014), até assinar, em março de 2014, a primeira matéria sobre o escândalo de corrupção que saqueou os cofres da Petrobras. O máximo que fizemos foi alertar, ainda em 2005, que um novo esquema de corrupção havia sido criado para substituir o malfadado “Mensalão do PT”.

Mesmo conhecendo os nomes de muitos dos envolvidos na Lava-Jato que em breve serão alvo de denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o UCHO.INFO se recusa a divulgá-los, pois entende que esse tipo de ação comprometeria a operação que é o primeiro passo de uma profunda assepsia nas entranhas de um país dominado pela corrupção.

Obsessão pelo inédito

Criou-se na imprensa nacional uma quase obrigação em relação a furos de reportagem, o que muitas vezes leva os profissionais de comunicação a cometerem erros e sacrificarem reputações.

Causa espécie o fato de a “Folha” ter publicado matéria que carece de provas e credibilidade, ao mesmo tempo em que não se preocupou com as consequências na vida de alguém que, com base na teoria esdrúxula da eliminação, tornou-se réu sem saber por causa da sanha por informações exclusivas.

A matéria jornalística do matutino paulistano pode ter fundamento, mas continua devendo ao menos uma que incrimine Luiz Fernando Faria. Até que isso ocorra, Faria continua sendo inocente, não sem antes ser vítima da Folha.

Se os jornalistas que assinaram a matéria estavam em busca de algo inédito na seara da Operação Lava-Jato, o máximo que conseguiram foi um doloroso tiro no pé.

Acusações levianas e esquizofrenia

Durante a Operação Satiagraha, também da Polícia Federal, o editor do UCHO.INFO foi acusado por jornalistas da mesma “Folha” de sofrer de esquizofrenia. Entendiam os profissionais da “Folha” que o jornalista responsável pelo site inventava diariamente um novo inimigo para ter com quem guerrear.

Essa acusação baixa e criminosa, que partiu de jornalistas desqualificados, mas festejados, foi fruto do despeito, pois o UCHO.INFO, com base em provas incontestáveis, apontou o indicador na direção dos envolvidos em um esquema que levou à prisão várias personalidades, inclusive um conhecido banqueiro oportunista, cujo nome estamos proibidos de citar por conta de decisão arbitrária da Justiça do Rio de Janeiro.

O tempo passou, a PF executou as devidas prisões e ficou provado que o editor está a anos-luz de ser esquizofrênico. Muito mais do que isso, também ficou provado que no UCHO.INFO não se faz jornalismo de encomenda e muito menos se tergiversa.

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