Fogo no circo – O governo do PT tem abusado da pirotecnia para camuflar a crise econômica que chacoalha o Brasil, mas os números têm estragado a estratégia palaciana. Depois de muito esforço para dourar o “pacote de maldades” anunciado semanas atrás por Joaquim Levy, ministro da Fazenda, o governo começa a enfrentar dificuldades advindas do mercado, o que pode atrapalhar o plano de levar a inflação oficial para o centro da meta.
Nas últimas semanas, o mercado de câmbio foi pressionado pela possibilidade de um calote da Grécia, o que não acabou se confirmando, como já mencionado, apesar de o novo prazo ser curto demais para uma economia em crise. Se essa perspectiva se concretizasse, a recuperação da economia global sofreria forte impacto, o que refletiria no interesse dos investidores internacionais por ativos de maior risco, como a moeda brasileira.
Nesta sexta-feira (20), após abrir em queda, o dólar fechou em alta, chegando a atingir, no pico do dia, a marca de R$ 2,88, a mais elevada cotação em mais de dez anos.
O mercado financeiro estava de olhos na reunião dos ministros das Finanças da zona do euro para discutir o impasse entre a Grécia e seus credores europeus, encontro que acabou com a prorrogação de quatro meses do plano de resgate do governo de Atenas, agora chefiado pelo ultra-esquerdista Alexis Tsipras, o novo “Cavalo de Troia”.
Durante o primeiro mandato, Dilma Rousseff, juntamente com o ex-ministro Guido Mantega, apostou na desvalorização do dólar frente ao real como forma de conter a disparada da inflação, impulsionada pelo aquecimento da demanda interna. A estratégia do governo consistia em viabilizar a importação de produtos para dar conta da volúpia dos consumidores brasileiros, que irresponsavelmente saíram às compras no vácuo do crédito fácil.
Com o dólar em alta, os produtos importados ficarão mais caros, enquanto a indústria brasileira amarga números negativos seguidos. Lembrando que os empresários não demonstram disposição de investir nos próximos dois anos, pelo menos. Com esse cenário, empurrar a inflação oficial na direção do centro da meta (4,5% ao ano) será tarefa hercúlea, talvez impossível. Principalmente se considerado o fato de que o mercado financeiro prevê PIB negativo em 2015.