Deputado questiona ministros da Fazenda e da Previdência sobre superaposentadoria de Bendine

aldemir_bendine_01Inferno astral – Ex-presidente do Banco do Brasil e agora no comando da conturbada Petrobras, Aldemir Bendine dificilmente terá sossego no curto prazo. Isso porque o líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), encaminhou nesta quarta-feira (25) requerimentos de informação aos ministros da Fazenda, Joaquim Levy e da Previdência, Carlos Gabas sobre a “superaposentadoria” de Bendine.

Reportagens publicadas em diversos jornais do País mostraram que Aldemir Bendine, ao se desligar do BB, passou a receber aposentadoria de R$ 62,4 mil, valor do seu salário integral como presidente da instituição financeira, a partir de regra criada em sua gestão. Nos requerimentos, o parlamentar questiona os ministros sobre o valor da aposentadoria, a regra que beneficia apenas executivos e o peso financeiro para a Previ – fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil – que arca com a diferença acima de salários de ministros do STF – teto do funcionalismo público – de R$ 33,7 mil.

“Integrantes de cargos de direção de uma das maiores instituições financeiras do país devem ser bem pagos, mas receber aposentadoria quase o dobro do que é pago a ministros do STF parece fora de propósito. Esse fato precisa ser devidamente esclarecido, pois está mais uma vez em jogo a credibilidade do atual presidente da maior empresa pública do País”, afirmou o líder.

Mendonça Filho lembra que a norma implantada em favor dos executivos do BB é contestada pela Associação de Funcionários do Banco do Brasil, que afirma ser indevido o financiamento da superaponsentadoria pelo fundo de pensão dos funcionários. O deputado pernambucano também questiona o fato de que a quantia recebida atualmente por Aldemir Bendine é incompatível com os valores de contribuição pagos quando ele ainda estava na ativa.

O requerimento de informação é previsto na Constituição Federal. Pela carta magna, o ministro de Estado deve responder os questionamentos do Congresso no prazo de 30 dias, a partir do seu recebimento, sob pena de cometer crime de responsabilidade.

Saia justa

Ao que parece, Aldemir Bendine vive um momento marcado por surpresas desagradáveis. Em outubro de 2014, o então presidente do Banco do Brasil foi alvo de rumoroso escândalo envolvendo a “socialite” Valdirene Aparecida Marchiori, a Val.

Mesmo não tendo quitado um operação de crédito no BB, Val conseguiu, por conta de sua bisonha amizade com Bendine, um novo empréstimo na instituição, desta vez subsidiado pelo BNDES. A operação, no valor de R$ 2,7 milhões, foi contraída pela “Torke Empreendimentos”, mas o dinheiro foi usado para sublocar caminhões para a empresa do irmão de Val, a “Veloz Empreendimentos”. Muito estranhamente, à instituição financeira Val Marchiori apresentou um comprovante de renda em que consta como receita apenas a pensão alimentícia que recebe em nome dos filhos menores.

Aldemir Bendine colocou o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff, que preferiu apostar na capacidade do povo brasileiro de esquecer rapidamente dos muitos escândalos que pululam no País.

Amizade perversa

Mergulhado no ostracismo necessário, Bendine não demorou muito para retornar ao palco da polêmica. O agora presidente da Petrobras está sendo questionado por carona indevida em jato que servia a presidência do Banco do Brasil. Em 2010, o então presidente do BB deu carona a Marchiori em avião de propriedade da instituição financeira em viagem a Buenos Aires. A informação surgiu no rastro de depoimento do ex-vice-presidente do banco, Allan Toledo, prestado ao Ministério Público Federal.

Como se fosse pouco, Aldemir Bendine também terá de dar explicações sobre determinado gasto publicitário do Banco do Brasil. Na terça-feira (24), o Ministério Público federal recebeu representação para investigar o contrato de publicidade firmado entre o Banco do Brasil e a Rede TV, entre os anos de 2010 e 2011, que teria beneficiado Val Marchiori, amiga mais do que especial de Bendine.

Dinheiro a domicílio

Enquanto negava ser amigo de Val Merchiori, Bendine viu seu ex-motorista do Banco do Brasil, Sebastião Ferreira da Silva, afirmar que buscou várias vezes a socialite a pedido do presidente do então presidente do Banco do Brasil.

Sebastião já fez várias denúncias de irregularidades cometidas por Bendine. Em um dos depoimentos ao Ministério Público, o motorista teria dito que fez vários pagamentos em “dinheiro vivo” a mando de Aldemir Bendine.

“Ferrerinha”, como é conhecido o motorista, teria conduzido o presidente do BB com uma sacola com “mações” de R$ 100. O dinheiro seria um empréstimo a Marcos Fernandes Garms, amigo e irmão-camarada do novo presidente da Petrobras.

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