Inclusão do nome de Renan Calheiros na lista da Lava-Jato dificultará a vida de Dilma no Congresso

renan_calheiros_33Temperatura alta – Como previsto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de terça-feira (3), a lista com nomes dos políticos envolvidos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história e que causou prejuízo bilionário à Petrobras.

Da documentação protocolada às 20h11 de terça-feira consta pedido de abertura de 28 inquéritos, para que 54 pessoas sejam investigadas. A lista de Janot confirma a informação antecipada pelo UCHO.INFO de que pelo menos 60 políticos teria caído na malha fina da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que interrompeu um esquema criminoso que funcionava há uma década na estatal.

Com a inclusão dos nomes de políticos graúdos e integrantes da chamada base aliada, a situação da presidente Dilma Vana Rousseff no Congresso Nacional ficará ainda mais difícil. Isso porque esses parlamentares, que chafurdaram na lama do Petrolão, entendem que o Palácio do Planalto poderia ter agido para evitar que seus nomes não fossem incluídos no rol dos investigados.

A primeira saia justa enfrentada por Dilma surgiu na decisão do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), de devolver ao Executivo a Medida provisória que aumenta os impostos sobre o faturamento das empresas, fórmula criada pelo governo para desonerar a folha de pagamento.

Mesmo que as novas investigações, decorrentes do pedido de Janot para abertura de inquérito no Supremo, demorem, assim como o eventual julgamento, o estrago político já começa a acontecer na vida dos políticos acusados de envolvimento no escândalo. Renan, que já é investigado pelo STF no caso das “vacas sagradas”, sabe que seu futuro político ficará comprometido com o novo escândalo, que tem ingredientes de sobra para reverberar no âmbito da Operação Lava-Jato.

Passado e presente

No caso do presidente do Senado, a situação torna-se ainda mais difícil por conta do imbróglio envolvendo uma jornalista, com a qual o parlamentar alagoano teve um filho fora do casamento. O romance, que durou algum tempo e era conhecido por muitos em Brasília, foi alimentado pelo dinheiro sujo de uma das empreiteiras investigadas na Lava-Jato, apesar de o senador ter negado essa relação espúria.

A empreiteira é a Mendes Júnior, cujo vice-presidente, que encontra-se preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, fugiu logo após a deflagração da Operação Juízo Final, em 14 de novembro do ano passado. A razão da fuga foi conhecida pelos brasileiros depois de algumas horas. Sérgio Mendes não queria chegar à capital paranaense no “avião-camburão” da Polícia Federal, por isso usou o luxuoso e confortável jatinho da empreiteira para se entregar às autoridades.

Em 2007, ano em que a confusão envolvendo a jornalista veio à tona, Renan Calheiros foi acusado de participar de um esquema de arrecadação de recursos em ministérios controlados pelo PMDB. De acordo com denúncia, o esquema era comandado por Luiz Carlos Garcia Coelho, pai de uma funcionária de Renan.

O advogado Bruno Brito Lins, ex-marido da funcionária do senador, fez as acusações em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal em meio ao processo de separação litigiosa. À época, em nota oficial, Calheiros afirmou que a Justiça “não deu nenhum valor jurídico” às denúncias reveladas por Lins, além de enfatizar que o objetivo do advogado tem “visível expediente de provocar escândalo e pressões processuais sobre pessoas que nada tem a ver com briga de casais”.

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