Doença silenciosa – O Ministério da Saúde deve publicar esta semana as diretrizes terapêuticas para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento do transtorno bipolar. A forma mais grave da doença, considerada um transtorno afetivo, afeta cerca de 2 milhões de brasileiros.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, o novo protocolo vai unificar a atenção dada à doença em todo o país e, com isso, facilitar a identificação por médicos da atenção básica, que deverão encaminhar o paciente para o tratamento adequado, oferecido nos centros de Atenção Psicossocial.
A doença se manifesta em fases que alternam a hiperexcitabilidade e a agitação com profunda tristeza e depressão. A duração de cada fase varia de pessoa para pessoa, podendo durar horas, dias, meses e até anos. Um complicador para a pessoa com o transtorno surge quando as duas fases se misturam, o chamado estado misto.
A publicação também deve trazer a incorporação de cinco medicamentos para o tratamento do transtorno bipolar. Clozapina, lamotrigina, olanzapina, quetiapina e risperidona são remédios usados para outros fins na rede pública, mas que até o fim do semestre devem estar disponíveis para esse transtorno afetivo. A expectativa é que, em 2015, 270 mil pessoas sejam beneficiadas pelo tratamento. O investimento em medicamentos chegará a R$ 90 milhões este ano.
Segundo a professora de psiquiatria Maria das Graças de Oliveira, da Universidade de Brasília, a incorporação dos remédios deve ser comemorada, pois o tratamento é essencial para que o paciente tenha qualidade de vida. ”A falta desses medicamentos acaba fazendo com que os médicos prescrevam produtos mais antigos, menos específicos e que, portanto, tenham mais efeitos colaterais.”
A especialista explica que não há cura para o transtorno bipolar, mas, se o paciente seguir o tratamento de forma adequada, pode passar anos sem apresentar crise. Ela alerta que muitos deixam de tomar os remédios quando se sentem bem, correndo o risco de ter uma crise mais forte depois desse intervalo. (Com ABr)