Calculadora cruel – Apoiado por alguns parlamentares da base aliada, o PT tenta defender o indefensável: o governo de Dilma Vana Rousseff, que sangra em meio a uma grave crise político-institucional, sem contar as sérias dificuldades econômicas por que passa o País. Líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, Sibá Machado disse, na noite desta terça-feira (17), que Dilma foi eleita por 54 milhões de pessoas e que a oposição tenta promover o terceiro turno.
Diferentemente do que alega o líder petista, a oposição não está buscando uma nova rodada na corrida presidencial, mas denunciando uma roubalheira que durou uma década e saqueou os cofres da Petrobras. Que os partidos têm se mostrado incompetentes todo brasileiro sabe, mas não se pode creditar aos adversários do Palácio do Planalto algo que eles não têm competência para realizar.
Depois do palavrório desconexo de Sibá Machado, subiu à tribuna da Câmara o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), que em discurso inflamado referiu-se ao PT como “partido criminoso”. Foi o suficiente para o clima do plenário da Casa ser tomado por uma ferrenha discussão, que entre trocas de farpas e acusações contrapôs o PT e a oposição.
Apesar do envolvimento do PT no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, os petistas tentam, a duras penas, salvar a legenda de uma desmoralização profunda, correndo o risco de esse cenário ganhar o endosso de toda a população brasileira, sem qualquer diferenciação ideológica.
O papel de Sibá Machado como líder é defender a legenda, mesmo que essa seja a mais hercúlea das missões. No contraponto, o tucano Carlos Sampaio ultrapassou os limites do bom senso em seu discurso incendiário, o que não significa que o líder do PSDB tenha mentido em algum momento. O PT, de forma inexorável, passou a dedicar-se ao banditismo político, rasgando os discursos pretéritos e as promessas de campanha, mas não se pode negar que o partido errou a mão no momento de surrupiar suado dinheiro do contribuinte.
Entre o que afirma Sibá Machado e a realidade dos fatos há uma enorme distância. O líder petista disse que Dilma foi eleita democraticamente – o que é verdade –, por isso está legitimamente no poder central, mas não se pode defender um governo que é sabidamente órfão de virtudes. Derrubar a afirmação de Machado não é uma tarefa complexa, bastando para tanto comparar o número de manifestantes que participaram do protesto do último domingo, em Brasília, e o de brasileiros que acompanharam a posse de Dilma em 1º de janeiro passado na capital dos brasileiros. Foram 50 mil contra 2 mil, sendo que muitos dos que acompanharam a estreia do novo governo petista foram contratados pelo partido.
Por outro prisma de análise, o discurso de Sibá Machado não encontra respaldo no campo da lógica. Na última sexta-feira (13), uma manifestação em defesa da Petrobras e a favor do governo de Dilma Rousseff reuniu menos de 20 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, número que só alcançado porque ao grupo juntaram-se os filiados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), que no mesmo dia e horário protestavam no local. Pois bem, também na Avenida Paulista, no domingo, 1 milhão de pessoas engrossaram o coro contra o PT e o governo incompetente de Dilma Rousseff. Isso mostra que o discurso de Sibá Machado é irresponsável e eivado de desespero.