PF afirma que montante da corrupção na Receita Federal pode ser quase o dobro da Lava-Jato

corrupcao_15Alça de mira – Nesta quinta-feira (26), a Polícia Federal iniciou a Operação Zelotes, que investiga crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, advocacia administrativa, tráfico de influência e associação criminosa no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), uma espécie de tribunal da Receita Federal. A PF acredita que os desvios investigados na Operação Zelotes podem superar os valores da Operação Lava Jato, que foi cerca de R$ 10 bilhões.

Há suspeitas que os valores ultrapassem os R$ 19 bilhões, referentes a 70 processos investigados. Até agora já foram apurados desvios de R$ 5,7 bilhões. Nas operações de busca realizadas durante a manhã em Brasília, São Paulo e Ceará, já foram apreendidos R$ 1 milhão em dinheiro vivo e carros de luxo.O termo ‘Zelotes’ foi escolhido para descrever falso zelo ou cuidado fingido.

Foram cumpridos mandados em dois gabinetes na sede do Carf, em Brasília. As investigações apontam para o suposto envolvimento do atual conselheiro Paulo Roberto Cortez e do ex-presidente do Carf em 2005, Edison Pereira Rodrigues. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços dos dois.

O Carf é um colegiado formado por funcionários do Ministério da Fazenda e representantes da sociedade, cuja função é julgar recursos em que contribuintes questionam a cobrança de tributos, multas e juros.

Segundo informações, a organização atuava no órgão patrocinando interesses privados, buscando influenciar e corromper conselheiros com o objetivo de conseguir a anulação ou diminuir os valores dos autos de infração e da Receita, resultando em milhões de reais economizados pelas empresas autuadas em detrimento do erário da União. Servidores repassavam informações privilegiadas para escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia em Brasília, São Paulo e outras localidades para que realizassem captação de clientes e oferecessem facilidades no Carf.

Segundo notas divulgadas pela Receita e pela Corregedoria da Fazenda, “constatou-se que muitas dessas consultorias teriam como sócios conselheiros e ex-conselheiros do Carf.”

As investigações foram iniciadas em 2013 e apontaram que grupos de servidores estariam manipulando o trâmite de processos e o resultado de julgamentos no conselho. A investigação se estende sobre julgamentos suspeitos desde 2005. No total foram expedidos 41 mandados de busca e apreensão e determinado sequestro de bens e bloqueio de recursos financeiros dos principais envolvidos.

A RF e a Corregedoria informaram que as operações se estenderam a escritórios de advocacia e a salas de conselheiros do Carf. A operação abrange Distrito Federal, São Paulo e Ceará, e conta com a participação de 180 policiais federais, 60 servidores da Receita e três servidores da Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda. (Por Danielle Cabral Távora)

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