Dilma tornou-se mais dependente do PMDB ao dar a Michel Temer a articulação política do governo

dilma_rousseff_508Tiro no escuro – A crise político-institucional que sacode o governo petista de Dilma Rousseff é tão grande e crescente, que a presidente tentou fazer de Michel Temer, o vice-, o seu mais novo ministro. Experimentado como político e ciente de como se opera nos bastidores do poder, Temer declinou do convite para assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), no lugar do demissionário Pepe Vargas.

Cacique maior do PMDB, Michel Temer sugeriu a Dilma não apenas a extinção da SRI, mas a transferência da articulação política para a vice-presidência da República. O que evita que seus feitos, de agora em diante, sejam contestados por qualquer um dos 38 ministros restantes. Se por um lado esse novo cenário palaciano é bom para Dilma, que não sabe mais como lidar com o rebelado PMDB, por outro é ruim para o PT, pois o principal partido da chamada base aliada decidiu que terá candidato próprio na corrida presidencial de 2018.

Dilma não poderá concorrer a nova reeleição, mas tornar-se-á ainda mais refém do PMDB. Isso porque os peemedebistas hão de cobrar faturas ainda mais custosas para aprovar no Congresso Nacional matérias de interesse do governo.

A grande questão nesse novo cenário é que para incumbir Temer da articulação política do governo, Dilma precisou passar por cima dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente. Ambos do PMDB, Calheiros e Cunha têm operado no Parlamento de forma combinada, mantendo intactos, cada um, seus próprios interesses políticos.

O mais perigoso nessa epopeia em que se transformou a crise do governo é Eduardo Cunha, que, além de ser um político profissional, trabalha para disputar o Palácio do Planalto na próxima eleição. O apetite pelo poder de Cunha é tão evidente, que ele tem conversado nos bastidores sobre a necessidade de mudança do regime de governo do País, que passaria para o parlamentarismo.

De certa forma esse movimento de Eduardo Cunha é positivo, pois nesse momento de grave crise o governo já teria sido dissolvido. No modelo atual, os brasileiros terão de enfrentar mais três anos e oito meses do mandato de Dilma Rousseff, caso nada ocorra nesse período que leve a petista a pegar o boné.

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