(*) Percival Puggina –
Domingo, quando entrei no carro, no final da passeata, chorei convulsivamente, como há muito tempo não fazia. Sim, eu estava sensibilizado pelas muitas e generosas manifestações de carinho que recebi ao longo da tarde, traduzidas em gestos, abraços e fotos com amigos. Mas, principalmente, chorei de felicidade por ver, pela segunda vez, em menos de trinta dias, o meu Brasil diferente. Vi o meu país como sempre quis que ele fosse. Democrático, alegre, mas intransigente com a criminalidade instalada no poder. Antes aos meus 70 anos do que nunca!
Agora, já posso dizer que vi. Vi nossa gente clamando por um país decente. Vi, Brasil afora, milhões saírem de casa para dizer basta! Chega! Já foram longe de mais! Ponham-se no olho da rua, malfeitores!
Os que se acreditavam senhores da Nação, jamais conseguiram mobilizações semelhantes, mesmo que a peso de ouro, mesmo contratando celebridades e promovendo shows, pagando diária, transporte e alimentação.
Por duas vezes, neste mesmo período, tentaram se contrapor e não tiveram eco. Pagaram mico, deram vexame. É difícil reunir fiéis à infidelidade.
O Brasil está atravessando o mar vermelho. O PT está acossado, o petismo acuado pelos próprios pecados, pelos próprios fantasmas.
O PT fez o diabo? Ou foi o diabo que fez o PT?
O que sim sei, e com isso respondo uma pergunta que circulava entre os manifestantes de domingo: essa casa vai cair? Vai, pela irresistível força da gravidade, quando as estruturas de sustentação entram em colapso. E a base do governo está em franca decomposição.
Esse governo não tem como chegar ao fim. Além disso, que Constituição seria essa nossa se servisse para proteger uma quadrilha no poder e não para proteger o povo dessa quadrilha?
(*) Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de “Crônicas contra o totalitarismo”; “Cuba, a Tragédia da Utopia” e “Pombas e Gaviões”. Integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-Grandense de Letras.