Morte de Brossard deixa órfão o Direito brasileiro e encolhe o diminuto universo de tribunos

paulo_brossard_06Minuto de silêncio – A morte do gaúcho Paulo Brossard de Souza Pinto, ocorrida na manhã de domingo (12), em Porto Alegre, abre mais uma lacuna no já reduzido universo de tribunos por excelência. Um dos mais notáveis juristas brasileiros de todos os tempos, Paulo Brossard foi deputado, senador e ministro do Supremo Tribunal Federal, onde sempre foi recebido com a devida circunstância. Equilibrado e defensor incansável da democracia, Doutro Paulo Brossard, como era conhecido, deixa o Brasil órfão de seu vasto e preciso conhecimento jurídico.

Aos 90 anos, Paulo Brossard enfrentava problemas de saúde que se agravaram a partir de fevereiro. Em outubro de 2014, o ex-presidente do STF sofreu uma queda, evento que fragilizou sua saúde.

Brossard estava com a saúde comprometida, mas ninguém admitia a possibilidade de perder um homem público de sua envergadura. A repercussão de sua morte foi grande e rápida no meio político, o que pegou muitas pessoas de surpresa. O velório de Brossard ocorreu, no domingo, no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, e contou com a presença de alguns políticos, como o ex-senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o vice-presidente da República, Michel Temer, novo articulador político do governo petista.

À tarde, a presidente Dilma Rousseff divulgou nota lamentando a morte do jurista: “É com tristeza que recebo a notícia da morte do jurista Paulo Brossard, homem de fortes convicções democráticas, que se tornou uma referência política na luta contra a ditadura. O País perde um grande brasileiro. Quero prestar minhas homenagens e apresentar meus sentimentos à dona Lúcia Brossard, aos filhos, amigos e familiares”.

O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, decretou três dias de luto no Estado. “Lamento profundamente a morte de Paulo Brossard, um dos maiores juristas do Brasil. Perdemos um grande homem, um professor, um ferrenho opositor da ditadura militar, um político que fez história”, afirmou Sartori nas redes sociais.

Nascido em Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, em 23 de outubro de 1924, Brossard formou-se em Direito aos 23 anos. Em 1954 foi eleito deputado estadual pelo PL (Partido Libertador), sendo reeleito duas vezes. Foi também Secretário do Interior e Justiça do RS em 1964. Em 1966, o jurista foi eleito deputado federal pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1974, foi eleito senador pelo RS. Quatro anos depois, foi candidato pelo partido a vice-presidente da República na chapa de Euler Bentes.

Em 1985, foi indicado pelo então presidente José Sarney ao cargo de Consultor-Geral da República. Posteriormente, foi nomeado Ministro da Justiça. Em 1989, foi nomeado Ministro do Supremo, e em 1992, assumiu a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), se aposentando em 1994.

Quem teve a oportunidade de acompanhar seus memoráveis discursos no plenário do Senado Federal sabe a falta que Brossard fará ao Brasil. Quando subia à tribuna, sua fala era emoldurada por um silêncio quase sepulcral. Senadores e assessores parlamentares saiam dos gabinetes rumo ao plenário da Casa, onde se amontoavam para acompanhar discursos que eram verdadeiras aulas magnas.

Casado com Lúcia Alves Brossard de Souza Pinto, o ex-senador deixa três filhos: Magda Brossard Iolovitch, Rita Brossard de Souza Pinto e Francisco Brossard de Souza Pinto.

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